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Projeto

Mamirauá

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM)

Site oficial do projeto
Valor Total do Projeto
R$ 8.706.257,00
Valor do apoio do Fundo Amazônia
R$ 8.504.678,54
Concluído

Apresentação

Objetivos

Apoiar ações de manejo e gestão participativa nas RDS Mamirauá e Amanã, com pesquisa, desenvolvimento e disseminação de conhecimentos nos seguintes temas: agropecuária sustentável, manejo florestal madeireiro sustentável, manejo florestal não madeireiro sustentável, educação ambiental, proteção ambiental e monitoramento

Beneficiários

Comunidades locais das RDS Mamirauá e Amanã, comunidade científica, gestores de unidades de conservação e outras comunidades beneficiadas pelos conhecimentos produzidos no âmbito do projeto

Abrangência territorial

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, RDS Amanã e Município de Tefé, no estado do Amazonas

Descrição

CONTEXTUALIZAÇÃO

As Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã situam-se no estado do Amazonas e somam uma área de cerca de 3,5 milhões de hectares de florestas alagáveis e florestas de terra firme.

As Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) integram a categoria legal das unidades de conservação que têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Essas reservas abrigam populações tradicionais cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais.

Portanto, por serem classificadas como RDS, em Mamirauá e Amanã é incentivada a pesquisa científica e são permitidas a residência de populações locais e a utilização dos recursos naturais disponíveis, desde que de acordo com o plano de manejo e o sistema de zoneamento elaborados para esse fim.

O Instituto do Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) compartilha com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) do Estado do Amazonas a gestão dessas duas reservas, onde realiza pesquisas e apoia o manejo de recursos naturais e a gestão participativa. 

A atuação do IDSM nas RDS Mamirauá e Amanã contribui para a geração de tecnologias e conhecimentos sobre manejo de recursos e gestão de unidades de conservação, colaborando no aumento da efetividade dessas unidades na proteção e manejo sustentável de recursos naturais.

O PROJETO

O projeto “Mamirauá”, implementado pelo IDSM, apoiou ações de manejo e gestão participativa nas RDS Mamirauá e Amanã, com pesquisa, desenvolvimento e disseminação de conhecimentos nos seguintes temas: agropecuária sustentável, manejo florestal madeireiro sustentável, manejo florestal não madeireiro sustentável, educação ambiental, proteção ambiental e monitoramento.

As ações implementadas incluíram a capacitação de indivíduos para a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), para a prática da pecuária sustentável e do manejo florestal madeireiro e não-madeireiro. O projeto prestou assistência técnica para a produção sustentável e beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade. Foram desenvolvidas atividades de educação ambiental e capacitação de agentes ambientais voluntários, bem como realizadas missões de proteção ambiental, além de ações de monitoramento em campo e monitoramento baseado em imagens de satélite de mudanças de uso do solo.

LÓGICA DE INTERVENÇÃO

O projeto se insere na componente "Ciência, Inovação e Instrumentos Econômicos" (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

Seus efeitos diretos foram assim definidos: (i) conhecimentos e tecnologias voltados para o uso sustentável em Unidades de Conservação (UCs) do Bioma Amazônia produzidos e difundidos; e  (ii) conhecimentos e tecnologias voltados para o monitoramento e controle em Unidades de Conservação (UCs)  do Bioma Amazônia produzidos e difundidos.

Por meio de ações voltadas à geração de conhecimento e tecnologias voltados ao aprimoramento da gestão de UCs na Amazônia, bem como por meio do apoio à exploração ecologicamente sustentável, pelas populações tradicionais residentes nas RDS Mamirauá e Amanã, de componentes dos ecossistemas naturais dessas RDS em regime de manejo sustentável, o projeto visou contribuir para o objetivo geral do Fundo Amazônia de “redução do desmatamento com desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal”.

Clique na imagem abaixo para visualizar sua árvore de objetivos, ou seja, como se encadeiam os produtos e serviços do projeto com os objetivos específicos e os seus objetivos gerais.

quadrologico

 

Evolução

Data da aprovação 18.12.2012
Data da contratação 07.08.2013
Data da conclusão 10.11.2022
Prazo de utilização 75 meses (a partir da data da contratação)
aprovação
18.12.2012
contratação
07.08.2013
conclusão
10.11.2022

Desembolsos

ano valor
1º desembolso 26.09.2013 R$ 1.238.521,30
2º desembolso 27.10.2014 R$ 921.397,54
3º desembolso 23.12.2015 R$ 1.793.798,74
4º desembolso 16.12.2016 R$ 1.686.726,00
5º desembolso 27.03.2018 R$ 2.085.000,00
6º desembolso 21.06.2019 R$ 779.234,96
Valor total desembolsado R$ 8.504.678,54

Valor total desembolsado em relação ao valor do apoio do Fundo Amazônia

100%

ATIVIDADES REALIZADAS 

A seguir são apresentadas algumas das atividades realizadas pelo projeto. Na componente agropecuária, visando promover a diversificação produtiva e a geração de alternativas econômicas sustentáveis, foram implementadas onze áreas de SAFs, que integram o cultivo simultâneo de culturas agrícolas e espécies florestais e foram capacitados 60 agricultores para o manejo desses sistemas.  

Foram realizadas quatro oficinas para 33 criadores de gado com a finalidade de orientar a implementação da tecnologia do Pastoreio Racional Voisin¹ e disseminar práticas de manejo agroecológico das áreas de pastagem, reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas para esta atividade. O projeto realizou mais de 160 atividades de assistência técnica com agricultores e criadores de gado em práticas de manejo.

Ainda na componente agropecurária foi fortelecida a produção de polpas de frutas, mediante a aquisição de equipamentos que foram instalados em uma unidade de beneficiamento de frutas (Casa de Polpas de Frutas), incluindo freezers para resfriamento e acondicionamento da produção, bem como a realização de oficinas de capacitação para os agricultores e a prestação de assessoria técnica nessa temática.

Na componente de manejo florestal madeireiro comunitário foram capacitados técnicos e manejadores e prestada assessoria técnica para o manejo madeireiro, além de terem sido adquiridos equipamentos e realizados encontros para a comercialização da produção madeireira.

Foram ainda desenvolvidos estudos sobre a dinâmica das florestas tropicais, com a realização de inventários florestais e monitoramento do número de indivíduos e espécies florestais na RDS Mamirauá, bem como pesquisas em Ecologia da Germinação e Restauração Ecológica, voltadas ao fornecimento de informações para a construção de protocolos de germinação, armazenamento de sementes e modelos de restauração ecológica, até então inexistentes nessa tipologia florestal.

No componente de manejo florestal não-madeireiro foram realizadas quatro oficinas sobre o manejo de oleaginosas, totalizando 86 indivíduos capacitados. Foram desenvolvidas pesquisas que objetivaram o desenvolvimento de conhecimento ecológico local sobre as espécies de andiroba e copaíba, sobre a produtividade de andirobeiras e copaibeiras, e sobre os aspectos comerciais dos produtos destas espécies.

Foi ainda instalada uma máquina de extração de óleo de andiroba movida a energia solar. Visando o fortalecimento da cadeia produtiva da andiroba e a diversificação de produtos, foi adquirida uma máquina de produção de velas com a borra da massa das sementes de andiroba (que é a sobra após a coleta do óleo) e foi realizada uma oficina de boas práticas de produção e comercialização de produtos e subprodutos da andiroba.

Na componente de educação ambiental jovens e crianças foram envolvidos na atividade de experimentação para recomposição de áreas florestais. Foram realizadas oficinas de formação com professores nas RDS Amanã e Mamirauá e foram plantadas 300 mudas produzidas a partir das atividades lúdicas desenvolvidas no contexto do projeto.

Também foram realizadas atividades com manejadores florestais, como encontros, mapeamentos participativos e coleta de sementes. Ainda na temática de educação e capacitação foram realizadas oficinas sobre diversos temas, tais como gestão de recursos naturais, geração de renda, capacitação de lideranças e fortalecimento de organizações comunitárias. Por fim, foram elaboradas e publicadas cartilhas e um guia de ferramentas participativas, além de trabalhos relacionados à educação ambiental.

Na componente de proteção ambiental foram realizadas cinco missões de fiscalização, com a participação de órgãos públicos de fiscalização ambiental, que abrangeram principalmente áreas das RDS Mamirauá, Amanã e entorno, percorrendo um total de aproximadamente 3.900 km. Nessas missões de fiscalização foram apreendidas mais de 25 toneladas de pescado ilegal, cerca de 600 kg de carne de caça e quinze animais inteiros, além de apetrechos diversos e 10 embarcações. Foram vistoriadas 438 embarcações e aplicadas multas totalizando cerca de R$ 1,3 milhão.

Ainda na componente de proteção ambiental foram realizadas oficinas de formação de Agentes Ambientais Voluntários (AAV), com 298 indivíduos capacitados como AAVs. Com esta ação, além da educação ambiental descrita anteriormente, as atividades de proteção das RDS se difundiram nas comunidades.

Na componente de monitoramento foram monitoradas áreas em campo e por imagens de satélite. Por sensoriamento remoto foram identificados e mapeados cerca de 6.800 hectares de áreas convertidas (desflorestadas). O monitoramento em campo abrangeu 193 hectares, tendo sido confeccionados mapas identificando as comunidades que desenvolvem atividade agropecuária.  Ao final do projeto consolidou-se um sistema de monitoramento remoto e de campo que permite o monitoramento das áreas utilizadas para atividade agropecuária na RDS Amanã.

Foram produzidos pelo projeto documentos e vídeos, entre os quais um livro bilíngue (português e inglês) intitulado “Protagonistas: relatos de conservação do oeste da Amazônia”. Parte desses documentos e vídeos, inclusive o livro mencionado, podem ser acessados na página dedicada a esse projeto no website do Fundo Amazônia², onde podem ser consultadas informações diversas sobre todos os projetos apoiados com recursos do Fundo Amazônia, tanto projetos em execução quanto projetos concluídos.

¹ O Pastoreio Racional Voisin é um método de manejo solo-planta-animal que consiste no pastoreio direto e a rotação da pastagem. A área é subdividida em piquetes que permitem o direcionamento do gado e, com o método, procura-se manter o equilíbrio entre o solo, o capim e o gado.
² https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/home/
  https://www.fundoamazonia.gov.br/pt/projeto/Mamiraua/
  https://www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/acervo-projetos-cartilhas-outros/Mamiraua-Protagonistas.pdf

Avaliação Final

Indicadores de eficácia e efetividade

As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados à componente "Ciência, Inovação e Instrumentos Econômicos" (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

A seguir, apresentam-se os resultados de alguns indicadores pactuados para o monitoramento dos efeitos diretos previstos.

  • Número de publicações científicas, pedagógicas ou informativas (indicador de eficácia)
    Meta: não definida   |  Resultado alcançado: 77
  • Número de eventos integradores (seminários e fóruns) objetivando divulgar os conhecimentos produzidos (indicador de eficácia)
    Meta: 5   |  Resultado alcançado: 28
  • Número de indivíduos capacitados como Agentes Ambientais Voluntários (AAV) efetivamente utilizando os conhecimentos adquiridos (indicador de efetividade)
    Meta: 40   |  Resultado alcançado: 298
  • Número de oficinas de educação ambiental realizadas (indicador de eficácia)
    Meta: não definida   |  Resultado alcançado: 73
  • Número de indivíduos participantes das oficinas de educação ambiental (indicador de eficácia)
    Meta: não definida   |  Resultado alcançado: 1.777
  • Número de missões de proteção realizadas (indicador de eficácia)
    Meta: 20   |  Resultado alcançado: 5

As medições dos indicadores pactuados evidenciam que todos os valores esperados foram superados, com exceção do número de missões de proteção realizadas, que foram suspensas devido a questões de segurança.

Aspectos institucionais e administrativos   

O projeto estabeleceu parceria com a Prefeitura Municipal de Maraã, que apoiou a reforma inicial que foi realizada na Casa de Polpas de Frutas para que o local pudesse receber os equipamentos adquiridos com recursos do projeto.

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) também apoiou o grupo de produtores na compra de alguns equipamentos e materiais para auxiliar no beneficiamento da produção. Por fim, houve parceria com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) para apoio ao grupo de produtores da Casa de Polpas de Frutas nos processos de escoamento e comercialização da produção para o fornecimento de polpas para a alimentação escolar em Maraã.

Foi estabelecida parceria com o Instituto Floresta Tropical (IFT) para a capacitação dos técnicos do Programa de Manejo Florestal Comunitário e com a Associação do Polo Madeireiro e Moveleiro de Manacapuru (Apomam) para o escoamento da produção madeireira manejada. 

As ações do projeto de formação de agentes ambientais voluntários (AAV) se deram no contexto do Programa Agente Ambiental Voluntário (AAV) do governo do estado do Amazonas. Esse programa tem como finalidade envolver toda pessoa física, que tenha perfil necessário, para prestar auxílio em atividades de educação ambiental, monitoramento, preservação e conservação dos recursos naturais nas unidades de conservação estaduais, assim como em outras áreas do estado do Amazonas de relevante interesse de proteção e, em especial, as de uso coletivo dos recursos naturais.

Riscos e lições aprendidas

Os principais riscos não gerenciáveis que afetaram a execução do projeto foram climático e de segurança pública na região. A região beneficiada pelo projeto integra a bacia amazônica, que é a bacia com o maior volume de água doce do planeta. Muitas comunidades locais organizam suas existências em função dos rios da região, utilizando-os inclusive para o transporte de pessoas e carga.

Em sistemas hidrológicas é normal a alternância entre períodos de cheias e períodos vazantes. Todavia, em 2015 grande parte das áreas de plantios apoiadas pelo projeto (roçados e sítios agroflorestais) foram alagadas por enchente dos rios da região, que tiveram uma elevação maior do que em anos recentes anteriores.

Esse fato comprometeu a produção agrícola das famílias nos anos de 2015 e 2016, resultando em atrasos na execução de diversas atividades do projeto, inclusive a plena operacionalização da Casa de Polpa de Frutas, já que ficou comprometido o suprimento de frutas para essa unidade de beneficiamento.

Por sua vez, as missões de proteção ambiental foram suspensas, tendo em vista os riscos envolvidos na sua continuidade. O quadro de insegurança na região é um desafio quando se planeja uma atividade que busca atuar na prevenção de ilícitos.

Sustentabilidade dos resultados

A participação das comunidades tradicionais envolvidas nas atividades do projeto, com a definição conjunta de objetivos e metas que deveriam ser realizados, fortaleceram a autonomia dos comunitários para a sua gestão e a continuidade das atividades após a sua conclusão.

Ao longo do projeto os comunitários receberam capacitação para gestão e manejo das áreas e tecnologias implementadas. Suas lideranças foram inseridas sempre que possível em espaços de tomada de decisão e foram estimuladas a darem continuidade às atividades, buscando parcerias que fossem além das ações apoiadas pelo projeto.

Isso se materializou, por exemplo, no caso do grupo da Casa de Polpas de Frutas, da comunidade de Boa Esperança, na RDS Amanã, que no período fortaleceram sua parceria com o IDAM, que é uma instituição que promove ações de extensão rural e assistência técnica no Amazonas.

Por fim, avalia-se que os conhecimentos e as novas tecnologias geradas e difundidas pelo projeto, voltados para o uso sustentável dos recursos naturais e para o monitoramento e controle em UCs na Amazônia, continuarão a produzir resultados mesmo após a conclusão das atividades do projeto.

Acervo

Nessa área disponibilizamos alguns arquivos em PDF com as principais publicações geradas pelo projeto. Clique no nome do arquivo para iniciar o download.

CONTRATOS E ADITIVOS

DOCUMENTOS

VÍDEOS