Indicadores de eficácia e efetividade
As atividades do Projeto contribuíram para os resultados relacionados à componente “monitoramento e controle” (2) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.
Efeito direto 2.1: Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) melhor estruturado para o monitoramento e combate ao desmatamento provocado por incêndios florestais e queimadas não autorizadas
Os principais indicadores pactuados para o monitoramento deste objetivo foram:
- Número de gestores do CBMPA capacitados em cursos de pós-graduação em Gestão e Segurança Ambiental efetivamente utilizando os conhecimentos adquiridos (indicador de efetividade)
Meta: 20 | Resultado alcançado: 13
- Número de focos de calor (indicador de efetividade)
Meta: não definido | Resultado alcançado: 30.166
Em 2019 foram contabilizados 30.166 focos de calor no estado do Pará¹. Como linha de base desse indicador registraram-se 50.516 focos de calor, apurados com base na média correspondente ao período de 2004 a 2013 (dez anos anteriores a 2014, primeiro ano de implementação do projeto²). Portanto, no período da execução do projeto o número de focos de calor no estado do Pará foi reduzido em 40%.
É importante ressalvar que o crescimento ou a redução do número de focos de calor no estado do Pará também são influenciados por questões meteorológicas, variando muito de um ano para o outro em função da duração dos períodos de estiagem. Nesse contexto, o indicador em tela não é suficiente para aferir a efetividade do projeto apoiado pelo Fundo Amazônia, embora seja uma sinalização favorável e uma referência para avaliação dos demais indicadores do projeto.
Focos de calor no estado do Pará
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Linha de base
(Média 2004 a 2013)
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2014
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2015
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2016
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2017
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2018
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2019
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50.516
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35.526
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43.164
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29.724
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49.770
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22.080
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30.166
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Fonte: Elaboração própria com base em informações do Banco de Dados de Queimadas do Inpe
- Número de incêndios florestais ou queimadas não autorizadas combatidos diretamente pelo CBMPA (indicador de efetividade)
Meta: não definido | Resultado alcançado: 2.401
Durante o ano de 2017 foram combatidos 2.401 incêndios florestais e queimadas não autorizadas, sendo que em 2013 (linha de base do projeto), haviam sido combatidos 596 incêndios florestais ou queimadas, o que evidencia um crescimento superior a quatro vezes na capacidade de combate a incêndios florestais e queimadas. Essa variação deixa claro o aumento da capacidade de resposta da corporação a partir das intervenções do projeto, o que demonstra que a partir do projeto com o Fundo Amazônia os bombeiros do estado do Pará vêm ampliando sua atuação no combate a incêndios florestais.
Número de incêndios florestais ou queimadas não autorizadas combatidos diretamente pelo CBMPA
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Linha de base (2013)
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2014
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2015
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2016
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2017
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596
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1.254
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2.835
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1.606
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2.401
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Fonte: Elaboração própria com base em informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA)
- Desmatamento anual no estado do Pará
Meta: não definido | Valor verificado: 3.862 km2
O desmatamento anual por corte raso verificado em 2019 no estado do Pará foi de 3.862 km², correspondendo a cerca de 40% do desmatamento ocorrido na Amazônia Legal nesse ano. Considerando que em 2013 essa taxa havia sido de 2.346 km² (linha de base), verificou-se um crescimento de aproximadamente 65% da taxa de desmatamento anual no período de 2013 a 2019.
Desmatamento anual no estado do Pará (km2)
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Linha de base (2013)
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2014
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2015
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2016
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2017
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2018
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2019
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2.346
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1.887
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2.153
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2.992
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2.433
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2.744
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3.862
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Fonte: Elaboração própria com base em dados do INPE/PRODES
² A definição da linha de base desse indicador como sendo uma média dos anos anteriores à implementação do projeto decorre do fato de a ocorrência de focos de calor variar significativamente em função de alterações do clima. Ou seja, em certos anos ocorre substancial crescimento dos focos de calor que não resultaram diretamente da ação humana mas sim de eventos climáticos, como por exemplo o fenômeno atmosférico-oceânico denominado “El Niño”. A utilização de uma média de anos permite, portanto, atenuar esses anos com variações atípicas.
Aspectos institucionais e administrativos
O projeto “Pará combatendo os incêndios florestais e queimadas não autorizadas”, além da estruturação operacional do CBMPA para o combate a incêndios florestais, visou promover a gestão integrada e articulada entre as políticas públicas estadual e federal voltadas a ordenar, monitorar, prevenir e combater esses incêndios, bem como desenvolver e difundir técnicas de manejo controlado do fogo, capacitar recursos humanos para difusão das respectivas técnicas e para conscientizar a população sobre os riscos do emprego inadequado do fogo.
O projeto apoiou com grande efetividade a estruturação do estado do Pará para o combate aos incêndios florestais, tendo também apoiado a estruturação do Centro Regional de Monitoramento, Prevenção Ambiental e Desastres (CRMPAD), que funciona como um centro de gestão de situações críticas e subsidia a tomada de decisões por parte do CBMPA.
Todavia, o projeto não logrou igual êxito nas ações previstas de articulação institucional com os municípios em ações de prevenção e combate aos incêndios florestais e de capacitação da população rural visando modificar a cultura do uso do fogo na produção agropecuária da região. Ao longo da execução do projeto essas atividades foram substituídas, a pedido do CBMPA, por outras que priorizaram o combate direto de incêndios florestais e queimadas.
Não obstante a relevância das atividades de contrapartida substitutivas realizadas, tem-se que as ações voltadas para a articulação institucional e a prevenção de incêndios florestais acabaram sendo preteridas, em detrimento, portanto, da busca de resultados de médio e longo prazo resultantes de mudança da cultura do uso do fogo na região.
Riscos e lições aprendidas
Em linhas gerais, pode-se dizer que o projeto se desenvolveu de forma satisfatória após a revisão parcial de seu escopo, tendo executado as atividades previstas e alcançado bons resultados. Em especial o indicador “número de incêndios florestais ou queimadas não autorizadas combatidos diretamente pelo CBMPA” apresentou evolução favorável ao longo do projeto, tendo sido quadruplicado o número de incêndios combatidos anualmente pelo CBMPA.
Todavia, o projeto não contribuiu como previsto para a estruturação de novas Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (que são órgãos constituídos pelos municípios) e de Núcleos Comunitários de Defesa Civil (que são estruturas voluntárias formadas por integrantes das comunidades), que visam, entre outros objetivos, promover a sensibilização da comunidade para a prevenção de incêndios florestais e a identificação de focos de queimadas. O projeto também não apoiou como previsto atividades de capacitação de agricultores em técnicas de queima controlada, visando uma mudança da cultura do uso do fogo na região.
Fica o aprendizado de que não basta a previsão em um projeto de ações que promovam a articulação institucional e contemplem intervenções de prevenção a incêndios florestais e queimadas não autorizadas. Faz-se necessário assegurar a vinculação de recursos específicos para essas atividades e a adoção de mecanismos que garantam a sua execução.
Sustentabilidade dos resultados
A sustentabilidade de longo prazo dos resultados alcançados com o apoio do Fundo Amazônia, dada a natureza deste projeto, depende principalmente das condições orçamentárias do estado do Pará, a quem cabe a manutenção dos principais equipamentos adquiridos no âmbito do projeto, bem como prover os recursos de custeio do CBMPA.
Cumpre mencionar que as capacitações e qualificações dos bombeiros militares do estado do Pará, realizadas em decorrência do projeto, tendem a produzir efeitos duradouros e ampliados, se considerarmos a difusão de conhecimento que naturalmente ocorre nas organizações e praticamente independe de novos aportes de recursos.
Registre-se que o projeto “Pará combatendo os incêndios florestais e queimadas não autorizadas” somou-se aos projetos de outros corpos de bombeiros militar (CBM) dos estados da Amazônia Legal (Acre, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins), e ao projeto “Prevfogo - Ibama”, todos implementados com apoio do Fundo Amazônia³.
Por fim, apesar do progresso já obtido com o apoio do Fundo Amazônia, entende-se que resta ampliar ainda mais a capacidade de resposta do CBMPA, para que este esteja estruturado para realizar ações de verificação da natureza dos focos de calor apontados pelos sistemas de monitoramento e esteja adequadamente aparelhado, com recursos humanos e materiais, para combater todos os incêndios florestais e queimadas não autorizadas identificados.
³ Tanto o projeto “Rondônia Mais Verde” (CBMRO) quanto o projeto “Prevfogo / Ibama” ainda se encontram em fase de execução.