ATIVIDADES REALIZADAS
O projeto foi estruturado em sete componentes: (i) organização e associativismo; (ii) produção agroecológica; (iii) beneficiamento; (iv) comercialização; (v) comunicação e divulgação dos resultados; (vi) gestão do projeto e (vii) transversal.
Foram fortalecidas cerca de vinte organizações locais e apoiadas quase seiscentas famílias, com ações transformadoras que abrangeram desde a reestruturação das iniciativas comunitárias até a geração de renda coletiva e familiar, passando pela ampliação e melhoria das produções. Foi estabelecida uma rede de parceiros e cabe destacar também o avanço considerável em resultados de abastecimento local e na sensibilização famílias agricultoras quanto a atuar com uma produção livre de desmatamento e agrotóxicos.
A implementação de boas práticas de produção, integrando ações produtivas e ambientais, contribuiu para que agricultores familiares participassem efetivamente do mercado local, obtendo maior visibilidade na região. Além disso, o projeto também endereçou a principal dificuldade dos produtores rurais que é a comercialização de seus produtos.
Por meio de investimentos e assistência técnica em tecnologias agroecológicas de produção nas propriedades, se implementou-se e se deu visibilidade a soluções como estufas, biodigestores e manejo rotacionado.
Foram mobilizados agentes de crédito para conhecer a realidade das famílias, por meio de reuniões e visitas de campo, o que resultou na elaboração e aprovação de 17 projetos junto ao Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), em um montante de cerca de R$ 737 mil, com objetivo de adquirir materiais de irrigação para hortaliças e frutíferas, matrizes de gado de leite e veículos e implementar energia solar nas propriedades. Além disso, mais 30 projetos de crédito foram aprovados com os estudos de viabilidade econômica disponibilizados pelo ICV.
Destaque para a constituição da Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (REPOAMA), que atua no Sistema Participativo de Garantia (SPG) para certificação orgânica da produção junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), sendo este o primeiro SPG da agricultura familiar não indígena em Mato Grosso. Essa modalidade de certificação orgânica (SPG) permite que os próprios agricultores da rede realizem visitas e fiscalizações nas propriedades de todos os participantes para analisar se os requisitos da legislação orgânica estão sendo cumpridos. A construção desta Rede envolveu diversas ações de capacitação e reuniões entre as organizações comunitárias, abrangendo 13 organizações e mais de 100 famílias do projeto.
Foi criada a Rota Local, um mecanismo de comercialização que surgiu da necessidade dos agricultores em diversificar os canais de vendas, cuja proposta consiste em fortalecer a presença de produtos da agricultura familiar nos mercados regionais por meio da coordenação entre fornecedores e clientes finais. O apoio deste arranjo se faz na prospecção de mercados e negociações, apoio à logística, bem como assessoria na regularização de documentos e em processos de gestão de forma a viabilizar a emissão de notas fiscais e centralização de pagamentos. Ao longo de três anos de existência, a Rota Local comercializou um montante de mais de R$ 1,89 milhão. Desse total, 49,14% estão concentrados em mercados varejistas, 24,83% no atacado, 13,31% nos mercados institucionais e 10,31% nos consumidores finais (PJ e PF). Os produtos que tiveram maior comercialização foram as frutas (42%), seguidos pelos lácteos (24%), legumes (15%) e hortaliças (14%).
No que se refere à organização e associativismo, o projeto fortaleceu o papel de cada grupo nas cadeias de valor, como por exemplo nos processos de compra coletiva de insumos, acesso a novos projetos e mercados e organização da produção. Foram realizadas ações de capacitação das lideranças e representantes em gestão administrativa e contábil das organizações, viabilidade econômica de empreendimentos comunitários, elaboração e gestão de pequenos projetos e mobilização de recursos, e modelagem e gestão de negócios comunitários. Foram ainda realizadas ações de regularização das associações e cooperativas, visando sua formalização e a viabilização da emissão de notas fiscais.
Quanto à produção agroecológica, foram adquiridos insumos para a conversão orgânica e restauros nas propriedades, além da supracitada estruturação da REPOAMA. Foram ainda implementadas unidades de produção agroecológica nas cadeias de hortifrutigranjeiros, café e cacau, unidades de manejo rotacionado de pastagem na cadeia do leite, e ações de restauração de áreas degradadas (ecológica e com fins econômicos), com aquisição e distribuição dos insumos necessários. Também foram realizadas ações de capacitação, intercâmbio e visitas em campo.
Na componente de beneficiamento, o projeto apoiou a agregação de valor dos produtos, que inclui tanto o apoio a estruturas físicas e licenças, quanto a padronização das operações, utilização de embalagens adequadas e rótulos com todas as informações necessárias. Também foram realizadas capacitações para atuação do público-alvo nas agroindústrias e cozinhas comunitárias.
No âmbito da comercialização, foi prestada assessoria contínua aos agricultores familiares e organizações comunitárias para viabilizar o acesso aos mercados governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), e a mercados privados mais robustos, como indústrias e rede de varejistas e atacadistas locais/regionais. Adicionalmente, foram realizadas capacitações técnicas em comercialização e acesso a feiras, mercados privados e mercados institucionais, envolvendo não somente organizações comunitárias, mas também nutricionistas, gestores e técnicos das secretarias de agricultura e educação. Nesse contexto, o projeto apoiou pesquisas de mercado, estudo de consumo emergente e prospecção de clientes, identificando e assessorando os potenciais arranjos produtivos e comerciais, além de atuar em sua governança e monitoramento.
Na componente de comunicação e divulgação dos resultados, o projeto buscou trabalhar o marketing da produção local, sustentável e orgânica, assessorando os grupos a criar estratégias comerciais e de impacto com clientes, além de realizar a divulgação das ações e resultados do projeto.