ATIVIDADES REALIZADAS
O projeto Florestas Comunitárias se organizou em três componentes, a saber: (i) Preparação para o manejo florestal comunitário; (ii) Implementação do manejo florestal comunitário; e (iii) Comunicação e divulgação dos resultados do projeto. A seguir uma breve descrição das atividades desenvolvidas pelo projeto nessas três componentes.
Cabe observar que, com o impacto da pandemia de COVID-19, algumas das ações previstas no projeto foram impactadas, porém sem prejuízo da finalidade ou dos resultados do projeto.
A componente 1 teve como principal finalidade a preparação da comunidade para a implementação do manejo florestal comunitário e familiar na área de abrangência do projeto, por meio da criação e do fortalecimento de cooperativas, da capacitação dos moradores das Resex e da elaboração dos documentos necessários para aprovação do manejo florestal.
Em 2017 foi realizada a Caravana Florestas Comunitárias nas três Resex com o objetivo de sensibilizar a população para o projeto. Foram realizadas (i) a apresentação do projeto aos moradores das Resex e interessados; (ii) a sensibilização das populações tradicionais para o manejo florestal comunitário e para a importância do fortalecimento das organizações comunitárias; e (iii) a apresentação dos atores envolvidos na estratégia do projeto.
Neste processo de diálogo e validação da estratégia do projeto foi possível levantar informações importantes sobre as organizações comunitárias e as cadeias de valor do açaí e da madeira. A Caravana mobilizou 1.035 beneficiários produziu o documento “Diagnóstico Marco Zero das Cadeias Produtivas Açaí e Madeira das Resex do Marajó”, que subsidiou as demais ações do projeto.
Por meio do projeto, foram criadas duas cooperativas, e fortalecida uma cooperativa que já se encontrava criada. Na Resex Arióca Pruanã foi criada a Cooperativa Mista Agroextrativista da Resex Arióca Pruanã, que também teve seu regimento interno elaborado. Na Resex Terra Grande Pracuúba foi criada a Cooperativa Agroextrativista da Resex Terra Grande Pracuúba – Agronatu. Já na Resex Mapuá, cuja cooperativa já se encontrava criada no início do projeto, foi elaborado seu regimento interno e foi desenvolvido seu planejamento estratégico.
O projeto atuou na capacitação em gestão administrativa e financeira das organizações comunitárias. Participaram das oficinas de “Gestão Administrativa e Financeira”, as diretorias das Associações: i) Amoreap (Associação dos moradores da Resex Arióca Pruanã); ii) Cooprunã (Cooperativa da Resex Arióca Pruanã); iii) Coama (Cooperativa dos moradores dos rios Aramã e Mapuá); e iv) Amoretgrap (Associação dos Moradores da Resex Terra Grande Pracuúba). Durante a realização das oficinas 26 pessoas foram capacitadas (21 homens e 5 mulheres), todas integrantes das diretorias dessas organizações.
Em relação ao manejo florestal, foram realizados diversos cursos de manejo de açaizais, boas práticas de colheita, comercialização e outros, além dos cursos voltados para o manejo madeireiro de baixo impacto, totalizando 2.250 pessoas capacitadas em alguma atividade relacionada ao manejo florestal madeireiro e/ou de açaizais. Adicionalmente foram inventariados nas Resex Mapuá e Arióca Pruanã cerca de 1.700 hectares de florestas produtivas para o manejo florestal comunitário, o que propiciou duas safras florestais ao longo do projeto.
Foram elaborados seis planos de negócios, sendo três para a cadeia produtiva da madeira e três para a cadeia produtiva do açaí. Estes documentos são utilizados pelas organizações comunitárias na melhoria dos processos produtivos e no planejamento das safras desses produtos. Foram elaborados e aprovados dois Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), para as Resex Mapuá e Arióca Pruanã, esses planos têm validade de 10 e 25 anos. Com os PMFS válidos são feitos os Planos Operacionais Anuais (POA) para viabilizar a exploração sustentável da madeira nativa.
A componente 2 visou a implementação dos Planos de Manejo Florestais elaborados, por meio de aquisição de equipamentos e materiais, instalação de infraestruturas para o transporte de produtos florestais e assistência técnica para acompanhar as atividades e orientar os cooperados.
A implantação do manejo florestal foi executada em duas Unidades de Produção Anual (UPA), uma em Mapuá e outra em Arióca Pruanã, totalizando uma área de 660 hectares de florestas manejada na primeira safra licenciada nessas unidades. Foi realizado pelo IFT, o acompanhamento técnico ao longo dos anos de 2020, 2021 e 2022, tanto para o açaí quanto para a madeira. O manejo florestal na Resex Mapuá resultou na comercialização de cerca de 1.500 m³ de madeira. Já na Resex Arióca Pruanã, cuja produção de madeira foi estimada em cerca de 5.200 m³, estava previsto que a comercialização seria realizada ao final de 2022, após o último acompanhamento do projeto pelo BNDES.
O apoio para a elaboração de contratos e comercialização dos produtos florestais possibilitou a celebração de dois contratos de comercialização de madeira firmados no ano de 2020, um na Resex Mapuá pela Cooperativa dos produtores dos Rios Mapuá e Aramã (Coama), e outro na Resex Arióca Pruanã pela Associação dos moradores da Resex Arióca Pruanã (Amoreap). Ao final de todo o processo de comercialização, a estimativa de receita com a venda da produção de madeira nas duas unidades é de cerca de R$ 2 milhões, sendo cerca de R$ 500 mil para a Resex Mapuá e cerca de R$ 1,5 milhão para Resex Arióca Pruanã. Para a safra do açaí, a Coama firmou contrato de venda do produto, com a comercialização de pouco mais de 11 mil latas.
Ao longo da execução do projeto foram realizados alguns ajustes, como no caso das comunidades da Resex Terra Grande Pracuúba (TGP), que decidiram não realizar o manejo florestal para a produção de madeira, de forma que as ações previstas para esse território foram redirecionadas para outros territórios ou substituídas por outras atividades.
A componente 3 previa ações de comunicação e difusão de informações. Ao longo da execução do projeto houve um intercâmbio sobre iniciativas de manejo florestal comunitário da região amazônica, que contou com a participação de comunidades extrativistas de três estados da Amazônia (Acre, Amazonas e Pará), incluindo as Resex do Marajó. Em razão da pandemia de COVID-19, não foram realizadas visitas da imprensa às Resex, no entanto, foram veiculadas na imprensa local diversas matérias sobre as ações do projeto.
Diversas publicações foram lançadas ao longo da execução do projeto, como a cartilha de “Cooperativas Agroextrativistas: guia passo a passo para a criação de um negócio comunitário”, boletins técnicos sobre “Inventário Florestal 100% e Corte de Cipós”, “Planejamento e Construção de Infraestruturas, estradas e pátios de estocagem”, “Técnicas especiais de corte de árvores e segurança no trabalho”, “Guia Prático para Elaboração de Inventário Florestal Simplificado”, e outros.
Foi lançado em outubro de 2022 um documentário sobre o manejo florestal comunitário nas Resex abrangidas pelo projeto. O documentário encontra-se no canal de youtube do IFT (https://www.youtube.com/watch?v=X0RqkxHtIE4).