ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS
A prevenção e o combate ao desmatamento dependem da ação integrada de órgãos públicos das diversas esferas de governo, com a necessária mobilização da sociedade civil. Com apoio deste projeto o estado do Pará pôde introduzir os poderes públicos municipais nesse tema, sendo o comprometimento destes, com a disponibilização de pessoal para os treinamentos e o interesse em exercer gestão ambiental em nível local, fundamental para o alcance dos resultados de cadastramento no CAR e descentralização da gestão ambiental.
Outro ponto de destaque foi a disponibilidade dos próprios técnicos da Semas/PA em preparar e ministrar os cursos para os técnicos municipais. Dessa forma, os treinamentos foram dados por quem efetivamente faz as atividades de licenciamento, fiscalização e gestão ambiental, diminuindo a distância entre teoria e prática e fortalecendo os laços entre os distintos atores que tomam conta desta agenda no estado do Pará.
INDICADORES DE RESULTADOS E IMPACTOS
As atividades do projeto contribuíram para os resultados do componente “monitoramento e controle” (2) do quadro lógico do Fundo Amazônia.
Componente Monitoramento e Controle (2)
Efeito Indireto 2: Ações governamentais asseguram a adequação das atividades antrópicas à legislação ambiental no Estado do Pará.
Para medir o alcance desse efeito foi escolhido o indicador que monitora a taxa de desmatamento anual por corte raso no estado do Pará, verificada pelo INPE, por meio de imagens de satélites:
- Desmatamento anual no estado do Pará
A tabela a seguir compara ano a ano a taxa de desmatamento verificada no estado do Pará a partir de 2011, ano-base do projeto, já que o primeiro desembolso ocorreu em 28.12.2011. Comparando-se este ano com os anos subsequentes constata-se que ocorreu uma expressiva redução na área desmatada anualmente no estado do Pará, que foi reduzida de 3.009 km2 anuais (2011) para 2.413 km2 anuais (2017). Quando comparada a média da área desmatada no período de 2012 a 2017 (2.255 km2) com a área desmatada no ano base (3.008 km2), constata-se que ocorreu uma redução média da área desmatada anualmente de 753 km2, ou seja, uma redução média de 25% da área desmatada nesse período. Registre-se que esse resultado não pode ser atribuído exclusivamente ao projeto Semas/PA, já que outras iniciativas (públicas e privadas – inclusive algumas apoiadas pelo Fundo Amazônia) contribuíram para essa redução do desmatamento no estado do Pará.
ANO
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ÁREA DESMATADA (KM²)
|
VARIAÇÃO
|
2011
|
3.008
|
LINHA DE BASE
|
2012
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1.741
|
-42
|
2013
|
2.346
|
-22
|
2014
|
1.887
|
-37
|
2015
|
2.153
|
-28
|
2016
|
2.992
|
-1
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2017
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2.413
|
-20
|
Fonte: INPE.
Efeito Direto 2.1: Instituições de monitoramento, controle e responsabilização ambiental do Pará estruturadas e modernizadas.
Os principais indicadores pactuados para o monitoramento desse objetivo foram:
- Número de servidores capacitados utilizando os conhecimentos adquiridos no exercício de suas funções (indicador de impacto):
Foram verificados 139 servidores estaduais efetivamente utilizando os conhecimentos adquiridos. As capacitações totalizaram 269 certificações em nove cursos diferentes, quais sejam: desenvolvimento gerencial; identificação botânica; avaliação de impactos ambientais das atividades de mineração; avaliação, classificação, tratamento e disposição dos resíduos sólidos; avaliação de Estudos de Impacto Ambiental; procedimentos para avaliação de áreas contaminadas; biologia da conservação e manejo da vida silvestre; tratamento de efluentes industriais; e recuperação de áreas degradadas das atividades de mineração. Esse indicador superou a meta de 80 servidores capacitados utilizando seus conhecimentos. Importante destacar que o projeto ainda foi responsável pela capacitação de 480 servidores municipais, de 127 municípios paraenses, o que não constava na meta original.
- Número de municípios que desenvolvem Gestão Ambiental Plena (indicador de impacto):
O projeto apoiou a estruturação de 82 OMMAs e o estado do Pará terminou o projeto com 117 municípios habilitados a exercer a gestão ambiental em âmbito local, superando a meta prevista de 44 municípios.
- Porcentagem de processos de licenciamento ambiental analisados dentro do prazo legal (indicador de impacto)
Ao término do projeto a Semas/PA informou que 60% dos processos de licenciamentos estavam sendo analisados dentro do prazo ficando abaixo da meta prevista de 90%. No início do projeto esse indicador mostrava que apenas 32% dos processos eram analisados dentro do prazo.
Efeito Direto 2.2: Acesso facilitado dos produtores rurais do Pará à regularização ambiental de suas propriedades
O indicador pactuado para o monitoramento desse objetivo foi:
- Número de propriedades que tiveram o seu pedido de adesão ao CAR protocolado (indicador de produto)
A meta desse indicador era que o estado deveria ter cadastrado 100 mil propriedades. Ao final do projeto esse número era superior a 162 mil propriedades.
RISCOS E LIÇÕES APRENDIDAS
No caso deste projeto, todos os produtos e serviços foram realizados e todos os indicadores de efetividade obtiveram avanços. A obtenção de bons resultados no projeto contou com a contribuição de outras ações do estado do Pará, como o Programa Municípios Verdes – PMV (que a partir de 2014 também passou a ser apoiado pelo Fundo Amazônia), que possui atividades complementares às do projeto da Semas/PA e também ajudaram para o atingimento dos resultados obtidos. Essa sinergia entre as diferentes iniciativas reforça que os projetos apresentados ao Fundo Amazônia são mais efetivos quando inseridos dentro de uma estratégia de estado.
No entanto, é importante lembrar que este projeto teve que ser consideravelmente prorrogado, sendo que questões relacionadas ao processo eleitoral foram subestimadas e geraram atrasos relevantes. Esses atrasos decorreram tanto de modificações na equipe responsável pelo projeto quanto da impossibilidade dos estados realizarem doações para municípios durante as eleições municipais. Como o projeto possui um componente relevante de descentralização na gestão ambiental, a execução dessa ação foi retardada.
Portanto, um aprendizado importante é que projetos com entes do setor público, ao serem aprovados, levem em consideração em seu prazo que os certames eleitorais podem gerar descontinuidades na execução do projeto em decorrência de mudanças na gestão do respectivo ente. Além disso, a legislação eleitoral apresenta vedações e restrições que não podem ser desprezadas no dimensionamento da estimativa de tempo para execução desses projetos.
Dois principais riscos foram identificados à época do planejamento do projeto, a saber: (i) a migração de servidores públicos capacitados para outras atividades dentro e fora do governo e (ii) a postergação, pelos proprietários rurais, de sua adesão ao CAR, em decorrência de prorrogações de prazo para efetivação da adequação ambiental das propriedades rurais.
O risco da não adesão dos estabelecimentos rurais ao CAR não representou um óbice à implementação do projeto, já que foi cumprida a meta de imóveis inscritos no CAR; e o risco dos servidores públicos capacitados pelo projeto migrarem para outras atividades não relacionadas com os seus objetivos não se concretizou até este momento.
SUSTENTABILIDADE DOS RESULTADOS
A sustentabilidade de longo prazo dos resultados alcançados pelo projeto depende das condições orçamentárias do estado do Pará e dos municípios apoiados, a quem cabe a manutenção dos principais equipamentos adquiridos no âmbito do projeto, bem como prover os recursos de custeio dos respectivos órgãos de meio ambiente.
Grande parte dos investimentos do projeto foi na aquisição de equipamentos que requerem manutenção e, além de softwares e imagens de satélite que precisam de atualização periódica. Em períodos de crise fiscal, como a vivida no momento pela maioria dos estados brasileiros por conta da forte retração vivida pela economia nacional, surgem limitações nos orçamentos dos órgãos de governo, o que, caso se estenda excessivamente, poderia vir a prejudicar os resultados alcançados pelo projeto.
No entanto, cabe destacar que as capacitações e qualificações profissionais fornecidas com apoio do projeto tendem a ter efeito mais duradouro e potencialmente ampliado se considerarmos a difusão de conhecimento que naturalmente ocorre nas organizações e praticamente independe de novos aportes de recursos públicos.
Por fim, apesar dos avanços obtidos com o apoio do Fundo Amazônia, entende-se que há necessidade de novos investimentos nos órgãos ambientais no estado do Pará, para que estes estejam estruturados e capacitados a exercerem a gestão ambiental de forma célere e ainda mais efetiva, assegurando a regularidade ambiental aos empreendedores e populações locais e responsabilizando os infratores de forma tempestiva.