Indicadores de eficácia e efetividade
As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados às componentes “produção sustentável” (1) e “ordenamento territorial” (3) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.
A seguir, apresentam-se os resultados dos principais indicadores pactuados para o monitoramento dos efeitos diretos previstos.
Efeito direto 1.1 - Atividades econômicas de uso sustentável da floresta, agrofloresta e da biodiversidade identificadas e desenvolvidas
- Receita obtida com a atividade econômica de uso sustentável apoiada pelo projeto (indicador de efetividade)
Meta: não definida | Resultado alcançado: R$ 131 mil
O resultado alcançado refere-se ao ano de 2018, decorrente da comercialização de castanha-do-brasil pelos povos indígenas das TIs Trincheira Bacajá e Apyterewa.
- Nº de indígenas capacitados em atividades relacionadas ao manejo, beneficiamento e comercialização de produtos agroflorestais (indicador de eficácia)
Meta: 60 | Resultado alcançado: 87
Efeito direto 3.2 - Organização do território definida através de Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs); instituições e lideranças fortalecidas para a gestão territorial e ambiental e estrutura de proteção territorial implantada
- Nº de terras indígenas com PGTAs elaborados ou revisados (nº de planos) (indicador de eficácia)
Meta: 6 | Resultado alcançado: 6
- Área das TIs com organização do território definida através de PGTAs (indicador de eficácia)
Meta: 3,5 milhões de hectares | Resultado alcançado: 3,5 milhões de hectares
A realização dos PGTAs de seus territórios são uma importante conquista para as comunidades indígenas, pois significa que elas passaram por um processo participativo de planejamento, o que assume especial relevância em sociedades em que o bem coletivo tem um papel preponderante como organizador da vida social. Os PGTAs poderão ser usados como subsídio no diálogo com instituições públicas e na elaboração de projetos para captação de recursos.
- Nº de indígenas capacitados como agentes socioambientais (indicador de eficácia
Meta: 90 | Resultado alcançado: 133
Com o apoio do projeto foram qualificados indígenas para a gestão de PGTAs e para ações de campo de vigilância territorial e monitoramento ambiental.
- Área das TIs sob proteção e vigilância comunitária (indicador de efetividade)
Meta: 2,8 milhões hectares | Resultado alcançado: 2,2 milhões de hectares
- Nº de expedições de vigilância realizadas (indicador de eficácia)
Meta: 48 | Resultado alcançado: 29
Um dos principais objetivos da PNGATI é garantir a integridade dos territórios indígenas. A linha de frente da proteção territorial pode ser feita pelos próprios indígenas, por meio de expedições de vigilância e observação do território. O número de expedições de vigilância inferior ao esperado se deve especialmente ao fato das expedições formais na TI Apyterewa não terem sido realizadas, devido ao risco à integridade física das pessoas que seriam envolvidas na atividade.
Como resultado geral do projeto foram beneficiados cerca de 8.800 indígenas de sete etnias indígenas.
Na tabela a seguir apresenta-se a evolução do desmatamento nos últimos anos nas TIs abrangidas pelo projeto. Os números de área desmatada anualmente nas quatro Tis no estado do Amapá são compatíveis com o quadro geral observado nas terras indígenas da região amazônica, que se caracterizam por apresentarem baixos índices de desmatamento. Todavia, a partir de 2018 foi observado um incremento do desmatamento nas Tis Trincheira Bacajá e Apyterewa, localizadas no estado do Pará. Esse crescimento do desmatamento nessas TIs se tornou exponencial em 2019. Nesse grave cenário fazem-se necessárias urgentes medidas de repressão ao desmatamento ilegal pelas autoridades competentes, pois as medidas de fomento das atividades produtivas sustentáveis e de ordenamento territorial apoiadas pelo projeto são insuficientes para deter o desmatamento.
Terra Indígena
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Área (km²)
|
Total desmatado até 2019 (km²)
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2014
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2015
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2016
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2017
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2018
|
2019
|
Juminá
|
414
|
1,7
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0
|
Galibi
|
60
|
0,52
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0,09
|
Uaçá I e II
|
4.676
|
74,65
|
1,37
|
0,68
|
0,5
|
0,99
|
0,8
|
3,81
|
Waiãpi
|
6.040
|
21,44
|
0,39
|
0
|
0
|
0
|
0,4
|
1,05
|
Trincheira Bacajá
|
16.961
|
255,79
|
1,03
|
5,15
|
5,85
|
12,78
|
16,85
|
55,91
|
Apyterewa
|
7.772
|
809,1
|
5,18
|
6.02
|
5,08
|
5,68
|
19,82
|
84,24
|
TOTAL
|
35.925
|
1.163
|
7,97
|
5,83
|
11,43
|
19,45
|
37,87
|
145,1
|
Fonte: Inpe/Prodes
Aspectos institucionais e administrativos
O projeto foi executado na totalidade das ações previstas, ressalvadas a implementação parcial das ações de vigilância territorial e das ações de promoção de acordos formais de vizinhança para ordenamento e gestão integrada do território no entorno das TIs. Essas ações ficaram parcialmente prejudicadas especialmente pelo acirramento das tensões fundiárias existentes no entorno de algumas TIs.
Dentro do difícil contexto apontado anteriormente, também impactaram negativamente o projeto as frequentes mudanças no comando dos órgãos da administração pública federal responsáveis pela temática indígena. Esse fato prejudicou, por exemplo, o funcionamento dos Comitês Regionais da Funai, que foram criados como instâncias de planejamento, articulação, gestão compartilhada e controle social, nos quais indígenas e servidores da Funai podem planejar em conjunto a estruturação de arranjos integrados entre esferas públicas federais, estaduais e municipais.
Riscos e lições aprendidas
Uma lição importante a ser extraída em projetos indígenas é que, em decorrência da importância da participação social na construção e condução das ações e atividades executadas por povos indígenas, incluindo discussões amplas dentro das comunidades e entre as diferentes comunidades, é necessária uma maior disponibilidade de tempo para que as decisões sejam alcançadas. O respeito a esse “tempo” fez com que algumas atividades do projeto se iniciassem com atraso, mas permitiu que fossem feitas de forma bastante efetiva e que os resultados obtidos fossem realmente aqueles desejados pelas comunidades beneficiadas.
Um acerto do projeto foi priorizar a estruturação e coordenação de arranjos multi-institucionais para apoiar as iniciativas indígenas usando como âncora os PGTAs, que passaram a nortear a criação das agendas integradas entre atores públicos e privados que têm interações com os povos indígenas. Como exemplo menciona-se o arranjo dos PGTAs das TIs Trincheira Bacajá e Apyterewa, no estado do Pará, que passaram a contar com apoio de recursos do Plano Básico Ambiental (PBA) da Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte.
Sustentabilidade dos resultados
A elaboração dos PGTAs e das demais ações implementadas pelo projeto constituem um importante legado, pois os povos indígenas passaram a contar com associações comunitárias fortalecidas e quadros técnicos próprios familiarizados com o tema da sustentabilidade, incluindo processos produtivos e a comercialização de sua produção.
As organizações indígenas beneficiadas com as ações do projeto tornaram-se capazes, em graus variados, de implementar projetos comunitários e realizar prestações de contas. Como resultado, passaram a contar com novos apoios financeiros de outros parceiros.
As redes de monitoramento ambiental estruturadas com o apoio do Fundo Amazônia continuaram a realizar seu trabalho após a conclusão do projeto, abrangendo cinco TIs sob proteção e vigilância comunitária, abrangendo uma área de aproximadamente 2,2 milhões de hectares.