ATIVIDADES REALIZADAS
O projeto “Bem Viver Sustentável” foi estruturado em duas componentes: a primeira consistiu na implementação do PGTA das TIs Parque do Tumucumaque e Rio Paru D’Este; e a segunda componente promoveu a elaboração do PGTA da TI Zo’é.
I - A primeira componente foi implementada nas TIs Parque do Tumucumaque e Rio Paru D’Este, destacando-se a seguir as principais atividades realizadas:
- Controle e Proteção Territorial
Foram adquiridos e entregues equipamentos para as redes comunitárias de vigilância e foi elaborado o Plano Integrado de Vigilância e Proteção das duas TIs. O projeto apoiou a realização de oito expedições de vigilância e monitoramento.
Foram construídas oito bases para funcionamento das Redes Comunitárias de Monitoramento. Estabelecidas em pontos considerados estratégicos, as bases são casas em construção tradicional, que servem para encontros e reuniões das equipes para atualização do monitoramento territorial e ambiental, planejamento das expedições e para os cursos de formação de jovens.
No âmbito das atividades de atualização de diagnósticos socioambientais sobre as TIs e seu entorno, o projeto realizou o aprofundamento do diagnóstico sobre mineração e garimpo no Complexo Tumucumaque e seus entornos, de forma a subsidiar a continuidade da implementação do Plano de Proteção Territorial das TIs do Tumucumaque e Rio Paru d’Este.
- Manejo e uso sustentável de recursos naturais
O projeto realizou oito expedições agroecológicas, indo às aldeias promover atividades de assistência técnica e de acompanhamento do extrativismo e do manejo de roças, envolvendo homens, mulheres e jovens indígenas.
Ao longo do projeto, também foram realizados estudos técnicos de viabilidade de cadeias produtivas e apoiados dois projetos comunitários concebidos a partir desses estudos: o “Projeto comunitário de Apicultura na aldeia Santa Antônio” e o “Projeto de Meliponicultura Indígena na aldeia de Jaherai”, ambos na TI Parque do Tumucumaque. A avaliação da comunidade é que as práticas produtivas introduzidas têm ampliado a oferta de mel e contribuído com a segurança alimentar.
- Capacitação e formação para a Gestão Territorial e Ambiental
Ao longo do projeto, foram realizadas 14 etapas de formação de agentes ambientais. Ao todo, 67 jovens agentes ambientais foram capacitados ao longo de quatro anos, nos temas de Governança e Participação Indígena, Vigilância e Proteção Territorial, Nutrição e Saúde, Fortalecimento Cultural, além da própria PNGATI.
Também foram realizadas capacitações especificamente destinada a mulheres. A oficina com a Articulação das Mulheres Indígenas Tiriyó, Katxuyana e Txikiyana (Amitikatxi) durou três dias, com debates pela manhã e oficinas de tecelagem e artesanato com miçangas no período da tarde, com a presença de 100 mulheres. E a oficina com Articulação das Mulheres Indígenas Wayana e Aparai (Amiwa), também foi de três dias, com foco nos conhecimentos tradicionais de uso de plantas medicinais, com a participação de 64 mulheres.
O fortalecimento das lideranças e das organizações indígenas perpassou várias atividades do projeto, visando criar condições para a continuidade da implantação dos PGTAs, que são planos de longo prazo dessas populações. Foram realizadas oficinas de capacitação em gestão para representantes das organizações indígenas, sendo que um dos temas de maior interesse nas capacitações foram as questões associativas e procedimentais, para as organizações acessarem recursos via novos projetos.
- Articulação Regional e Gestão Compartilhada
O projeto apoiou os indígenas em atividades relativas ao (i) Conselho Consultivo do Mosaico de Áreas Protegidas da Amazônia Oriental, e aos (ii) Conselhos de Unidades de Conservação vizinhas.
II - A segunda componente foi a elaboração do PGTA da TI Zo’é, destacando-se a seguir as principais atividades realizadas para essa finalidade:
Realização de etnomapeamento participativo por meio de dez expedições de levantamento e de nove oficinas na “Casa dos Mapas” Zo’é, nas quais foram trabalhadas as informações coletadas no campo, consolidando a formação dos Zo’é na preparação de seu PGTA.
Foi feita a documentação acerca do uso de matérias primas, em especial o registro de saberes envolvidos na preparação de fibras e ouriços de castanheira, para adornos e redes, e na coleta de argila e fabricação de torradores, potes e panelas. Também foi documentada uma coleção de 136 objetos, que fizeram parte da exposição cultural Zo’é que aconteceu no Museu Paraense Emílio Goeldi e que serão incorporados ao acervo do Museu do Índio.
A reunião formal de pactuação do PGTA da TI Zo’é ocorreu em 2019. Estiveram presentes o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai), membros da equipe de saúde indígena, o procurador do MPF de Santarém, além da equipe técnica do Iepé. Quanto aos indígenas, estiveram presentes cerca de cinquenta jovens e adultos, dentre os quais, os líderes de todos os grupos locais.
Após a pactuação procedeu-se com os trabalhos para publicação do PGTA, contemplando a revisão, edição e tradução de todos os materiais produzidos com os Zo’é ao longo de 2018 e 2019. Foi realizada a diagramação e a impressão de uma primeira tiragem de 100 exemplares¹.
A publicação é composta de quatro partes, com destaque para a segunda parte, que contém as diretrizes elaboradas pelos Zo’é para garantir a continuidade de seu modo de vida, bem como explicita o que esperam da atuação de seus parceiros Funai, SESAI, Iepé e outros com atuação menos direta, como o MPF.
¹ http://www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/acervo-projetos-cartilhas-outros/Iepe-PGTA-Zoe.pdf