Atividades realizadas
O projeto “Assentamentos Sustentáveis na Amazônia” implementou suas ações em pequenas propriedades rurais em três assentamentos da reforma agrária, criados pelo Incra na última década do século passado, no estado do Pará, a saber: (i) (PA) Bom Jardim, projetado com capacidade para atender 876 famílias; (ii) PA Moju I e II, com capacidade para atender 1.590 famílias; e (iii) PA Cristalino, com capacidade para atender 116 famílias.
Adicionalmente estruturou e operacionalizou um programa de pagamento por serviços ambientais beneficiando famílias localizadas em outros assentamentos ao longo da rodovia Transamazônica, no estado do Pará.
As ações consistiram no apoio à regularização ambiental dos territórios, mediante inscrição no CAR; a prestação de assistência técnica e extensão rural (ATER) às famílias, visando ao aumento da produtividade nas áreas abertas; a elaboração de planos de usos para as propriedades; a capacitação para adoção de técnicas de manejo nas áreas de floresta; a melhoria da infraestrutura produtiva, por meio do fornecimento de insumos e equipamentos; a inserção da produção em mercados locais e institucionais e o fortalecimento institucional das organizações representativas dos assentamentos com capacitação das suas lideranças para a gestão e o associativismo. A seguir são apresentadas algumas das atividades realizadas.
Foram realizados cursos de gestão com a participação de mais de 60 lideranças dos assentamentos apoiados, possibilitando a criação de três grupos de sustentação dedicados ao planejamento participativo e à implementação do projeto.
Foi realizado o georeferenciamento de 2.710 lotes e o levantamento de dados para elaboração de diagnóstico socioeconômico e ambiental, visando tanto o planejamento quanto a análise de efetividade das ações do projeto. Em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia foi elaborado estudo de mercado dos produtos da agricultura familiar no oeste do Pará, para fins de definição das atividades produtivas a serem apoiadas pelo projeto.
Destacam-se, ainda, o georreferenciamento e a elaboração de planos de recuperação ambiental (PRA) de dois assentamentos. Foram realizadas visitas de técnicos agrícolas às propriedades que aderiram ao projeto, onde foi avaliada a vocação de cada um dos agricultores entre um rol de atividades passíveis de apoio já identificadas no estudo de mercado.
Adicionalmente, foram realizadas capacitações diversas, tais como oficinas sobre manejo sustentável, seminários sobre melhorias produtivas e acesso aos mercados institucionais, bem como dias de campo para intercâmbio de experiências.
O projeto apoiou a regularização ambiental de 1.300 imóveis mediante a sua inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR), correspondendo a uma área de 101 mil hectares de propriedades rurais com processo iniciado de regularização ambiental.
Na componente de pagamento por serviços ambientais foi elaborado documento descritivo desse mecanismo financeiro, tendo o projeto contemplado inicialmente 348 famílias que passaram a receber benefícios pela manutenção da floresta em pé. Os pagamentos a essas famílias foram realizados em parcelas trimestrais por meio de transferências realizadas pelos correios.
Os critérios considerados pelo projeto para participação no seu programa de pagamentos por serviços ambientais foram: conservação e/ou recuperação de cobertura florestal do lote, conservação e/ou recuperação da área de proteção permanente (APP) e cumprimento das melhorias produtivas pactuadas em seus planos de uso.
Visando a implantação de manejo florestal comunitário foram elaborados planos de manejo florestal beneficiando três comunidades do PA Moju I e II, bem como construída uma estrutura para armazenamento e secagem da produção.
Foram elaborados 650 planos de uso de lotes nos assentamentos e fornecida assistência técnica para a melhoria das práticas agropecuárias. Inicialmente foram feitas análises de amostras de solo e posteriormente foram fornecidas orientações sobre correção de solo, preparo de área, plantio, planejamento para a recuperação e rotacionamento de pastagens, produção de mudas, trato de hortaliças e frutíferas, construção de aviários e tanques para piscicultura.
O projeto também distribuiu insumos diversos, tais como adubo, calcário, arame para cercas, implementos agrícolas e forneceu serviços de máquinas alugadas. Foram apoiados 57 hectares de roças mecanizadas para plantio de culturas de ciclo curto (milho, arroz, feijão etc); recuperados 163 hectares de pastagens com a adoção de rotacionamento na pecuária mediante a implantação de cercas; construídos 69 aviários; recuperadas culturas de cacau, maracujá e açaí; implantados 19 tanques para piscicultura e apoiada a suinocultura.
Foram implantados viveiros que serviram de apoio à recuperação de áreas de proteção permanente (APP) e à recomposição de reserva legal degradada, identificadas nos planos de uso dos lotes e no processo de inscrição no Cadastro Ambiental Rural.
Foram reflorestados 113 hectares com sistemas agroflorestais (SAFs), promovendo a diversificação da produção, a segurança alimentar e a ampliação da renda.
O projeto contribuiu para a implantação de 19 pequenas estruturas de beneficiamento, sendo quatro coletivas e quinze familiares, para processamento de mandioca, frutas e leite. Todas as iniciativas tiveram planos de negócios elaborados com recursos do projeto.
Foram organizadas feiras livres para a venda dos produtos dos assentamentos em Anapu e em Pacajá, com a participação média de 22 agricultores em cada feira. O projeto participou também da criação da primeira Rede de Comercialização Solidária do Tapajós¹. Essa rede permitiu conectar diretamente fornecedores do PA Cristalino II e entorno a consumidores solidários, tendo sido disponibilizados pelo projeto embalagens, caixa térmicas, cestas para produtos, isopores, freezer e o desenvolvimento de logomarca, entre outros recursos.
A equipe técnica do projeto também apoiou as famílias do PA Moju I e II no processo de seu recadastramento junto ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que é um programa governamental por meio do qual são comprados alimentos produzidos pela agricultura familiar.
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