INDICADORES DE EFICÁCIA E EFETIVIDADE
As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados à componente “monitoramento e controle” (2) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.
Efeito direto 2.1: CBMTO mais bem-estruturado para o monitoramento e combate ao desmatamento provocado por incêndios florestais e queimadas ilegais.
Os principais indicadores pactuados para o monitoramento desse objetivo foram:
- Número de servidores capacitados efetivamente utilizando os conhecimentos adquiridos (indicador de efetividade)
Meta: não definida | Resultado alcançado: 466
Foi verificado que 466 gestores do CBMTO e de parceiros, capacitados por meio de oficinas sobre mapeamento de áreas de risco, coordenação de operações de incêndios e análise e interpretação de imagens, estão utilizando os conhecimentos adquiridos.
- Número de cidadãos capacitados (indicador de eficácia)
Meta: 500 | Resultado alcançado: 1.626
Durante o projeto, foram difundidas técnicas de prevenção e combate de incêndios florestais mediante a formação de 1.626 brigadistas civis.
- Número de focos de calor (indicador de efetividade)
Meta: não definida | Resultado alcançado: 7.108
Em 2018, foram contabilizados 7.108 focos de calor no estado do Tocantins. Como linha de base desse indicador registraram-se 14.132 focos de calor, apurados com base na média correspondente ao período de 2003 a 2012 (dez anos anteriores a 2013, primeiro ano de implementação do projeto¹). Portanto, no período da execução do projeto, o número de focos de calor no estado do Tocantins foi reduzido para cerca da metade.
É importante ressalvar que o crescimento ou a redução do número de focos de calor no estado do Tocantins são influenciados por questões meteorológicas, variando muito de um ano para o outro em função da duração dos períodos de estiagem. Entretanto, o projeto atuou diretamente na prevenção e no combate de incêndios florestais, o que contribui para a redução dos focos de calor. Nesse contexto, o indicador em tela não é suficiente para aferir a efetividade do projeto apoiado pelo Fundo Amazônia, embora seja uma sinalização favorável e uma referência para avaliação dos demais indicadores do projeto.
¹ A definição da linha de base desse indicador como sendo uma média dos anos anteriores à implementação do projeto decorre do fato de a ocorrência de focos de calor variar significativamente em função de alterações do clima. Ou seja, em certos anos ocorre substancial crescimento dos focos de calor que não resultaram diretamente da ação humana, mas sim de eventos climáticos, como o fenômeno atmosférico-oceânico denominado El Niño. A utilização de uma média de anos permite, portanto, atenuar esses anos com variações atípicas.
Focos de calor no estado de Tocantins
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Linha de base
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2013
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2014
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2015
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2016
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2017
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2018
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14.312
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8.975
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11.890
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12.514
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12.903
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14.070
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7.108
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Fonte: Elaboração própria com base em informações do Banco de Dados de Queimadas do INPE
- Número de incêndios florestais ou queimadas não autorizadas combatidos diretamente pelo CBMTO (indicador de efetividade)
Meta: não definida | Resultado alcançado: 1.320
Durante o ano de 2018 foram combatidos 1.320 incêndios florestais e queimadas não autorizadas, sendo que em 2012 (linha de base do projeto), haviam sido combatidos 710 incêndios florestais ou queimadas, o que evidencia um crescimento de 86% na capacidade de combate a incêndios florestais e queimadas. Essa variação deixa claro o aumento da capacidade de resposta da corporação a partir das intervenções do projeto, o que demonstra que a partir do projeto com o Fundo Amazônia os bombeiros do estado do Tocantins vêm ampliando sua atuação no combate a incêndios florestais.
Número de incêndios florestais ou queimadas não autorizadas combatidos diretamente pelo CBMTO
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Linha de base
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2013
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2104
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2015
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2016
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2017
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2018
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710
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734
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861
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1.003
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1.115
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1.415
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1.320
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Fonte: Elaboração própria com base em informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins (CBMTO)
- Desmatamento anual no estado do Tocantins
Meta: não definida | Valor verificado: 25 km²
O desmatamento anual por corte raso verificado em 2018 no estado do Tocantins foi de 25 km². Considerando que em 2012 essa taxa havia sido de 52 km² (linha de base), verificou-se uma redução de cerca de 50 % da taxa de desmatamento anual.
Desmatamento anual no estado do Tocantins (km²)
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Linha de base
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2013
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2014
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2015
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2016
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2017
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2018
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52
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74
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50
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57
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58
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31
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25
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Fonte: Elaboração própria com base em dados do INPE/PRODES
¹ A definição da linha de base desse indicador como sendo uma média dos anos anteriores à implementação do projeto decorre do fato de a ocorrência de focos de calor variar significativamente em função de alterações do clima. Ou seja, em certos anos ocorre substancial crescimento dos focos de calor que não resultaram diretamente da ação humana mas sim de eventos climáticos, como por exemplo o fenômeno atmosférico-oceânico denominado “El Niño”. A utilização de uma média de anos permite, portanto, atenuar esses anos com variações atípicas.
ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS
A experiência do estado do Tocantins na mobilização de parceiros deu passos significativos com o lançamento do já mencionado Programa de Ações de Controle às Queimadas no Tocantins (PACQTO) em 2011, que envolveu diversos órgãos federais e estaduais em torno de três eixos de ação: educação e conscientização; mobilização e prevenção; fiscalização e combate aos incêndios florestais e controle de queimadas.
A compreensão de que a prevenção e o combate aos incêndios florestais e ao desmatamento dependem da ação integrada de órgãos públicos de diversas esferas de governo e da mobilização da sociedade civil se traduziu na criação, em 2016, do Comitê de Proteção da Amazônia Legal (Copal), entidade civil sem fins lucrativos criada para coordenar e executar ações de monitoramento, preservação, conservação e proteção do bioma Amazônia pelos corpos de bombeiros militares dos nove estados que compõem a Amazônia Legal.
Com sede em Palmas, o Copal representou uma mudança de paradigma na forma de atuação dos corpos de bombeiros militares dos estados da Amazônia Legal, com a inversão de uma lógica predominantemente reativa e isolada para uma abordagem de cunho preventivo e estratégica, a partir da cooperação técnico-operacional entre os diferentes órgãos.
RISCOS E LIÇÕES APRENDIDAS
Em linhas gerais, pode-se dizer que o projeto Proteção Florestal Tocantins se desenvolveu de forma satisfatória, tendo executado as atividades previstas e alcançado bons resultados. O indicador “número de incêndios florestais ou queimadas ilegais combatidos diretamente pelo CBMTO” apresentou evolução favorável ao longo do projeto, bem como a ação de capacitação de gestores do CBMTO, parceiros e cidadãos.
Vale assinalar, com relação à aquisição de itens do projeto, a ocorrência de dificuldades nos processos licitatórios, resultando em atraso em sua execução. Como solução para esse problema, o CBMTO optou pela modalidade de Atas de Registro de Preços, no caso da aquisição de bens.
Outra dificuldade foi a deficiência no acompanhamento do trabalho realizado pelas brigadas existentes em municípios do estado, assim como o registro de ocorrências atendidas por elas. A solução encontrada foi desenvolver um aplicativo de smartphone que oferece maior agilidade no registro e no dimensionamento dos danos causados pelo fogo, por meio de fotos com coordenadas geográficas.
As características específicas da Amazônia, com grande extensão territorial e áreas de difícil acesso, tornam mais arriscada e complexa a atuação dos bombeiros, exigindo estratégia diferenciada em relação ao fogo. Veio dessa percepção a iniciativa de criação do já mencionado Copal, com a finalidade de estabelecer um regime de estreita cooperação técnico-operacional entre esses estados.
SUSTENTABILIDADE DOS RESULTADOS
A sustentabilidade de longo prazo dos resultados alcançados com o apoio do Fundo Amazônia, dada a natureza desse projeto, depende principalmente das condições orçamentárias do estado do Tocantins, a quem cabe a manutenção dos principais equipamentos adquiridos no âmbito do projeto, bem como prover os recursos de custeio do CBMTO.
Cumpre mencionar que as capacitações e qualificações de servidores públicos, realizadas em decorrência do projeto tendem a produzir efeitos duradouros e ampliados, considerando-se a difusão de conhecimento que naturalmente ocorre nas organizações e praticamente independe de novos aportes de recursos públicos.
O apoio de brigadistas locais nos municípios rurais, treinados para a prevenção e o combate a incêndios florestais em sua fase inicial, é igualmente um elemento que contribuirá para a redução das áreas queimadas, devendo se sustentar mesmo depois da conclusão do projeto.
Registre-se que o projeto Proteção Florestal Tocantins se somou aos projetos de outros corpos de bombeiros militares dos estados da Amazônia Legal (Acre, Mato Grosso, Rondônia e Pará), e ao projeto Prevfogo (Ibama), todos implementados com apoio do Fundo Amazônia. A criação do Copal, integrado por todos os corpos de bombeiros militares estaduais da Amazônia Legal, representa um primeiro passo na conjugação de esforços dessas corporações para combater os incêndios florestais na região.
Por fim, apesar do progresso já obtido com o apoio do Fundo Amazônia, entende-se que resta ampliar ainda mais a capacidade de resposta do CBMTO, para que esteja estruturado para realizar ações de verificação da natureza dos focos de calor apontados pelos sistemas de monitoramento e adequadamente aparelhado, com recursos humanos e materiais, para combater todos os incêndios florestais e queimadas não autorizadas identificados.