ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS
O projeto não motivou a formalização de cooperações ou vínculos institucionais. No entanto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Marcelândia contou, ao longo da execução da operação, com importantes auxílios. A secretaria municipal de agricultura foi parceira emprestando servidores para auxiliar nas atividades de restauração e assistência técnica aos produtores. A secretaria municipal de educação também colaborou com o projeto ao promover gincana, entre os estudantes da rede pública, para a coleta de sementes que foram usadas na produção de mudas. Além dessas, o Instituto Centro de Vida - ICV, organização do terceiro setor que atua na região, prestou apoio por meio de sua equipe de geotecnologia na identificação e seleção das nascentes que receberam apoio do Fundo Amazônia.
INDICADORES DE RESULTADOS E IMPACTOS
As atividades do projeto contribuíram para os resultados dos componentes “produção sustentável” (1) e “monitoramento e controle” (2) do quadro lógico do Fundo Amazônia.
Componente Produção Sustentável (1)
Efeito Direto 1.4: Matas ciliares de 50 nascentes da sub-bacia do Rio Manissuá-Missú em Marcelândia recuperadas garantindo o suprimento continuado de água na região e conformidade ambiental das propriedades rurais beneficiadas pelo projeto.
Os principais indicadores pactuados para o monitoramento desse efeito direto foram:
- Número de mudas produzidas e distribuídas (indicador de produto):
No último ano do projeto o município de Marcelândia produziu em seu viveiro 125 mil mudas com a distribuição de 85 mil, o que corresponde a um aumento de 1.600% no número de mudas distribuídas pelo município em relação a 2012. Essas mudas foram destinadas tanto para as nascentes restauradas no âmbito do projeto, quanto para restauração de áreas de outros produtores do município.
- Número de propriedades rurais que tiveram sua adesão à recuperação de áreas degradadas protocolada (indicador de produto):
Esse indicador tinha a meta de cadastrar 50 propriedades, para recuperar 50 nascentes. Ao final do projeto a meta de 50 nascentes foi atingida, mas com a adesão de 37 propriedades rurais no município de Marcelândia.
- Área de matas ciliares recuperadas (indicador de impacto):
Foi iniciado o processo de recuperação em 38,25 hectares nas 50 nascentes apoiadas pelo projeto. A meta original desse indicador era de 157 hectares, pois previa um afastamento de 100m da fonte da água. Após as novas regras do código florestal e alteração da legislação ambiental mato-grossense o raio de preservação ao redor da nascente passou para 50m, o que resultou na redução da área em recuperação, sem prejuízo do alcance da conformidade ambiental no que tange a restauração de matas ciliares das nascentes.
Componente Monitoramento e Controle (2)
Efeito Direto 2.1: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Marcelândia estruturada e modernizada.
Os principal indicador pactuado para o monitoramento desse efeito direto foi:
- Incremento do orçamento anual executado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Marcelândia (indicador de impacto):
No início do projeto, em 2013, o orçamento da secretaria era de R$ 248 mil, em 2016 foi de R$ 460 mil, o que representa um incremento de 86%. Ressalta-se que em 2015, o valor destinado para o órgão municipal de meio ambiente atingiu R$ 788 mil.
Finalmente, foi também monitorada a área desmatada anualmente no município de Marcelância desde 2012, ano-base imediatamente anterior às liberações de recursos do Fundo Amazônia, até 2016, último ano para o qual se encontram disponibilizados os dados do desmatamento individualizados por municípios da Amazônia Legal pelo INPE*.
*http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php
ANO
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ÁREA DE MARCELÂNDIA (KM²)
|
DESFLORESTAMENTO ANUAL (KM²)
|
DESFLORESTAMENTO ACUMULADO (KM²)
|
DESFLORESTAMENTO ACUMULADO EM % DA ÁREA DO MUNICÍPIO (KM²)
|
2012
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12.995
|
12,4
|
3.456
|
28.11%
|
2013
|
36,8
|
3.492
|
28.41%
|
2014
|
|
35,3
|
3.528
|
28.69%
|
2015
|
44,9
|
3.573
|
29.06%
|
2016
|
|
55,4
|
3.628
|
29.51%
|
Verifica-se que ocorreu um substancial incremento do desmatamento no período de implementação do projeto, o que é um dado que revela uma dinâmica oposta ao desejado. Esse aumento do desmatamento ocorreu apesar das ações desenvolvidas pelo projeto, o que pode ser explicado pela escala reduzida das ações apoiadas que não foram suficientes para contrapor-se aos vetores do desmatamento.
Não obstante esse aumento do desmatamento, observa-se que este se encontra em patamar bastante inferior ao ocorrido em anos anteriores, como por exemplo, em 2008 (178,2 km2), ano em que o município de Marcelândia foi incluído na lista dos municípios prioritários para ações de combate ao desmatamento.
RISCOS E LIÇÕES APRENDIDAS
O projeto com o município de Marcelândia, não obstante o atingimento dos resultados, sofreu uma série de dificuldades de execução e precisou ter seu prazo estendido de 18 para 60 meses.
Uma estratégia possível para dar escala ao apoio do Fundo Amazônia aos municípios seria de apoiar o fortalecimento institucional das organizações municipais de meio ambiente com ações de descentralização da gestão ambiental conduzidas pelo governo estadual, pois essa estratégia possibilita que o apoio seja mais abrangente e possivelmente mais efetivo.
Já a recuperação de áreas degradadas pode ser realizada por meio de organizações não governamentais, que possuem maior liberdade na contratação de mão de obra especializada e na compra dos insumos necessários. Por fim, constatou-se nesse projeto que a implementação de ações que representam progresso no combate ao desmatamento por si só não asseguram que o objetivo dessa redução de fato ocorra, haja vista a escala limitada das ações apoiadas vis a vis a pressão antrópica existente que provoca o desmatamento.
SUSTENTABILIDADE DOS RESULTADOS
O projeto contribuiu para melhorar as condições de trabalho e atendimento ao público na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Marcelândia, o orçamento da pasta foi incrementado nos últimos anos e espera-se que o município se habilite para o exercício da gestão ambiental em âmbito local, o que pode ampliar suas fontes de receitas por meio das taxas de licenciamento e multas e consequentemente sustentar as ações do órgão ambiental no longo prazo.
As nascentes em processo de recuperação são áreas de preservação permanente - APP, que por vedação legal não devem sofrer novos danos e, portanto devem se consolidar na paisagem local, contribuindo para a conformidade legal das propriedades e prestando serviços ecossistêmicos positivos para a região.
Como resultado do projeto, foi criado um programa permanente de recuperação de nascentes. Foi firmada parceria com a Promotoria de Justiça e Comarca de Marcelândia para que parte dos recursos de transações penais provenientes de crimes ambientais sejam revertidos para o Fundo Municipal de Meio Ambiente para aplicação em projetos de recuperação de áreas degradadas.