Indicadores de eficácia e efetividade
As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados ao componente “produção sustentável” (1) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.
A seguir, apresentam-se os resultados dos principais indicadores pactuados para o monitoramento dos efeitos diretos previstos.
- Nº de colmeias em produção (indicador de eficácia)
Meta: 10.000 | Resultado alcançado: 4.075
- Receita obtida (indicador de efetividade)
Meta: R$ 400 mil | Resultado alcançado: R$ 30,9 mil
Ambos os resultados alcançados ficaram aquém da meta. Uma explicação para a baixa geração de receita é que para a implantação do projeto foi necessário promover a multiplicação das colméias, e que, enquanto esse processo ocorre, não há produção de mel para comercialização.
- N° de indivíduos capacitados em criação de abelhas nativas, práticas agroecológicas, gestão de negócios e processos produtivos (indicador de eficácia)
Meta: 310 | Resultado alcançado: 373
- N° de organizações comunitárias fortalecidas (indicador de efetividade)
Meta: 6 | Resultado alcançado: 1
De forma geral as metas previstas não foram alcançadas, apesar das ações do projeto terem sido implementadas de forma satisfatória, sinalizando, sobretudo, haver ocorrido o descasamento do projetado com o resultado dessas atividades durante o período de acompanhamento.
Nesse contexto, vale mencionar que a meliponicultura é uma frente de atuação desafiadora, por se tratar de uma cadeia produtiva pioneira, sobretudo na sua dimensão comercial. Contudo, os resultados foram muito importantes para a consolidação de meliponicultura nos estados do Pará e Amapá e para o avanço da estruturação da comercialização do mel de abelhas sem ferrão no mercado formal.
Por fim, o projeto beneficiou 45 indivíduos de etnia indígena e 52 mulheres de um total de 373 indivíduos diretamente beneficiados.
Aspectos institucionais e administrativos
O Instituto Peabiru celebrou um Contrato de Cooperação Técnica com a Embrapa Amazônia Oriental para o levantamento do etnoconhecimento florístico acerca de plantas de interesse meliponícola em áreas de ação do Instituto Peabiru e difusão de tecnologias meliponícolas. No âmbito dessa cooperação, conforme já mencionado, foram desenvolvidas pesquisas, inclusive com a participação da equipe de genética da UFPA. O projeto Néctar da Amazônia financiou bolsas de pesquisa e despesas de locomoção para bolsistas da Embrapa e da UFPA.
A Embrapa Amazônia Oriental é uma das 42 unidades descentralizadas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O centro de pesquisa foi criado em 1975 no município de Belém, no estado do Pará, herdando a estrutura do antigo IAN (Instituto Agronômico do Norte), fundado em 1939¹.
Riscos e lições aprendidas
Entre as lições reportadas destacam-se a recomendação de que sejam implantados campos demonstrativos de meliponicultura nas proximidades do território proposto por cerca de um ano, tempo suficiente para averiguar a segurança do projeto em termos de ameaças biológicas, em especial se há a ocorrência de abelhas “pilhadoras” (Lestrimelitta limao), que saqueiam os ninhos de outras espécies para retirar o mel, o pólen e a cera.
Outra lição aprendida é de se estimar uma produção menor de mel e um tempo maior de reprodução de colmeias em áreas historicamente desmatadas e/ou com fortes vetores de desmatamento, que podem diminuir o pasto para as abelhas.
Sustentabilidade dos resultados
As ações apoiadas foram voltadas para a consolidação da cadeia de valor das abelhas sem ferrão, promovendo a segurança alimentar e a geração de renda para as populações locais.
O financiamento do Fundo Amazônia permitiu avançar no processo de multiplicação de colmeias matrizes e gerou um plantel disponível para as famílias envolvidas que, acredita-se, permitirá um aumento na produção de mel.
O projeto também contribuiu para a formalização dessa atividade na Amazônia, com a obtenção de registro junto ao SIF que beneficiará a comercialização do mel produzido no âmbito do projeto e na região, bem como obteve para todos os meliponários atendidos pelo projeto autorização de manejo da fauna silvestre junto ao Sisfauna.
Por fim, o projeto contribuiu para a ampliação e divulgação do conhecimento sobre a cadeia de valor das abelhas sem ferrão. Vale mencionar o preço diferenciado que o mel de abelhas nativas já alcança no mercado nacional e internacional, sendo inclusive demandado pela alta gastronomia.