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Projeto

Valorizando Cadeias Socioprodutivas Amazônicas

Instituto Centro de Vida (ICV)

Site oficial do projeto
Valor Total do Projeto
R$ 16.405.000,00
Valor do apoio do Fundo Amazônia
R$ 16.405.000,00
Natureza do Responsável
Terceiro Setor
Temas
Assentamento
Local
Mato Grosso
Eixos
Produção sustentável
Concluído

Apresentação

Objetivos

Apoiar o fortalecimento de arranjos produtivos sustentáveis na Amazônia

Beneficiários

Agricultores familiares e assentados da reforma agrária, bem como suas associações comunitárias e cooperativas

Abrangência territorial

Comunidades em Alta Floresta, Colniza, Cotriguaçu, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde e Paranaíta, no estado de Mato Grosso

Descrição

CONTEXTUALIZAÇÃO

O projeto visou a implementação de práticas sustentáveis em seis cadeias da sociobiodiversidade amazônica em municípios de Mato Grosso.

Com vistas a criar soluções que transformem o atual padrão de ocupação da terra, reduzindo o desmatamento e a exclusão social, o projeto se propôs a construir arranjos produtivos inovadores com a agricultura familiar dessas regiões. Nesse sentido, atuou em dois tipos de cadeias de valor, as cadeias extrativistas (babaçu e castanha) e as cadeias agropecuárias (leite, hortifrutigranjeiros, cacau e café).

Inserido, portanto, em uma iniciativa de desenvolvimento rural e comunitário, abrangeu diversos elos das seis cadeias produtivas, destravando os principais gargalos de forma a efetivar uma economia em bases sustentáveis, reduzindo a pressão sobre a floresta em pé à medida que se aumentou a produtividade das áreas já antropizadas e a renda das famílias.

O PROJETO

O projeto visou a implementação de práticas sustentáveis em seis cadeias da sociobiodiversidade amazônica em municípios de Mato Grosso.

Com vistas a criar soluções que transformem o atual padrão de ocupação da terra, reduzindo o desmatamento e a exclusão social, o projeto se propôs a construir arranjos produtivos inovadores com a agricultura familiar dessas regiões. Nesse sentido, atuou em dois tipos de cadeias de valor, as cadeias extrativistas (babaçu e castanha) e as cadeias agropecuárias (leite, hortifrutigranjeiros, cacau e café).

Inserido, portanto, em uma iniciativa de desenvolvimento rural e comunitário, abrangeu diversos elos das seis cadeias produtivas, destravando os principais gargalos de forma a efetivar uma economia em bases sustentáveis, reduzindo a pressão sobre a floresta em pé à medida que se aumentou a produtividade das áreas já antropizadas e a renda das famílias.

LÓGICA DE INTERVENÇÃO

O projeto se inseriu na componente "Produção Sustentável" (1) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

Os efeitos diretos esperados pelo projeto nas regiões norte e noroeste do Mato Grosso são: (i) o fortalecimento das atividades de uso sustentável da floresta e de sua biodiversidade; (ii) a agregação de valor nas cadeias dos produtos agroflorestais; (iii) a ampliação das capacidades gerencial e técnica na implantação de sistemas agroflorestais, na produção agroextrativista e no beneficiamento de produtos agroflorestais; e (iv) a recuperação de áreas desmatadas e degradadas e sua utilização para fins econômicos e de conservação ambiental.

Evolução

Data da aprovação 11.12.2017
Data da contratação 30.01.2018
Data da conclusão 25.08.2023
Prazo de utilização 54 meses (a partir da data da contratação)
aprovação
11.12.2017
contratação
30.01.2018
conclusão
25.08.2023

Desembolsos

ano valor
1º desembolso 19.03.2018 R$ 1.948.200,00
2º desembolso 26.10.2018 R$ 3.989.841,00
3º desembolso 23.12.2019 R$ 5.500.000,00
4º desembolso 11.03.2021 R$ 4.515.959,00
5º desembolso 28.07.2021 R$ 47.000,00
6º desembolso 25.05.2022 R$ 404.000,00
Valor total desembolsado R$ 16.405.000,00

Valor total desembolsado em relação ao valor do apoio do Fundo Amazônia

100%

ATIVIDADES REALIZADAS

O projeto foi estruturado em sete componentes: (i) organização e associativismo; (ii) produção agroecológica; (iii) beneficiamento; (iv) comercialização; (v) comunicação e divulgação dos resultados; (vi) gestão do projeto e (vii) transversal.

Foram fortalecidas cerca de vinte organizações locais e apoiadas quase seiscentas famílias, com ações transformadoras que abrangeram desde a reestruturação das iniciativas comunitárias até a geração de renda coletiva e familiar, passando pela ampliação e melhoria das produções. Foi estabelecida uma rede de parceiros e cabe destacar também o avanço considerável em resultados de abastecimento local e na sensibilização famílias agricultoras quanto a atuar com uma produção livre de desmatamento e agrotóxicos.

A implementação de boas práticas de produção, integrando ações produtivas e ambientais, contribuiu para que agricultores familiares participassem efetivamente do mercado local, obtendo maior visibilidade na região. Além disso, o projeto também endereçou a principal dificuldade dos produtores rurais que é a comercialização de seus produtos.

Por meio de investimentos e assistência técnica em tecnologias agroecológicas de produção nas propriedades, se implementou-se e se deu visibilidade a soluções como estufas, biodigestores e manejo rotacionado.

Foram mobilizados agentes de crédito para conhecer a realidade das famílias, por meio de reuniões e visitas de campo, o que resultou na elaboração e aprovação de 17 projetos junto ao Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), em um montante de cerca de R$ 737 mil, com objetivo de adquirir materiais de irrigação para hortaliças e frutíferas, matrizes de gado de leite e veículos e implementar energia solar nas propriedades. Além disso, mais 30 projetos de crédito foram aprovados com os estudos de viabilidade econômica disponibilizados pelo ICV.

Destaque para a constituição da Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (REPOAMA), que atua no Sistema Participativo de Garantia (SPG) para certificação orgânica da produção junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), sendo este o primeiro SPG da agricultura familiar não indígena em Mato Grosso. Essa modalidade de certificação orgânica (SPG) permite que os próprios agricultores da rede realizem visitas e fiscalizações nas propriedades de todos os participantes para analisar se os requisitos da legislação orgânica estão sendo cumpridos. A construção desta Rede envolveu diversas ações de capacitação e reuniões entre as organizações comunitárias, abrangendo 13 organizações e mais de 100 famílias do projeto.

Foi criada a Rota Local, um mecanismo de comercialização que surgiu da necessidade dos agricultores em diversificar os canais de vendas, cuja proposta consiste em fortalecer a presença de produtos da agricultura familiar nos mercados regionais por meio da coordenação entre fornecedores e clientes finais. O apoio deste arranjo se faz na prospecção de mercados e negociações, apoio à logística, bem como assessoria na regularização de documentos e em processos de gestão de forma a viabilizar a emissão de notas fiscais e centralização de pagamentos. Ao longo de três anos de existência, a Rota Local comercializou um montante de mais de R$ 1,89 milhão. Desse total, 49,14% estão concentrados em mercados varejistas, 24,83% no atacado, 13,31% nos mercados institucionais e 10,31% nos consumidores finais (PJ e PF). Os produtos que tiveram maior comercialização foram as frutas (42%), seguidos pelos lácteos (24%), legumes (15%) e hortaliças (14%).

No que se refere à organização e associativismo, o projeto fortaleceu o papel de cada grupo nas cadeias de valor, como por exemplo nos processos de compra coletiva de insumos, acesso a novos projetos e mercados e organização da produção. Foram realizadas ações de capacitação das lideranças e representantes em gestão administrativa e contábil das organizações, viabilidade econômica de empreendimentos comunitários, elaboração e gestão de pequenos projetos e mobilização de recursos, e modelagem e gestão de negócios comunitários. Foram ainda realizadas ações de regularização das associações e cooperativas, visando sua formalização e a viabilização da emissão de notas fiscais.

Quanto à produção agroecológica, foram adquiridos insumos para a conversão orgânica e restauros nas propriedades, além da supracitada estruturação da REPOAMA. Foram ainda implementadas unidades de produção agroecológica nas cadeias de hortifrutigranjeiros, café e cacau, unidades de manejo rotacionado de pastagem na cadeia do leite, e ações de restauração de áreas degradadas (ecológica e com fins econômicos), com aquisição e distribuição dos insumos necessários. Também foram realizadas ações de capacitação, intercâmbio e visitas em campo.

Na componente de beneficiamento, o projeto apoiou a agregação de valor dos produtos, que inclui tanto o apoio a estruturas físicas e licenças, quanto a padronização das operações, utilização de embalagens adequadas e rótulos com todas as informações necessárias. Também foram realizadas capacitações para atuação do público-alvo nas agroindústrias e cozinhas comunitárias.

No âmbito da comercialização, foi prestada assessoria contínua aos agricultores familiares e organizações comunitárias para viabilizar o acesso aos mercados governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), e a mercados privados mais robustos, como indústrias e rede de varejistas e atacadistas locais/regionais. Adicionalmente, foram realizadas capacitações técnicas em comercialização e acesso a feiras, mercados privados e mercados institucionais, envolvendo não somente organizações comunitárias, mas também nutricionistas, gestores e técnicos das secretarias de agricultura e educação. Nesse contexto, o projeto apoiou pesquisas de mercado, estudo de consumo emergente e prospecção de clientes, identificando e assessorando os potenciais arranjos produtivos e comerciais, além de atuar em sua governança e monitoramento.

Na componente de comunicação e divulgação dos resultados, o projeto buscou trabalhar o marketing da produção local, sustentável e orgânica, assessorando os grupos a criar estratégias comerciais e de impacto com clientes, além de realizar a divulgação das ações e resultados do projeto.

Avaliação Final

Indicadores de eficácia e efetividade

As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados à componente "Produção Sustentável" (1) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

Os produtos e serviços incidem diretamente nas principais etapas de desenvolvimento das cadeias de valor: a produção sustentável, beneficiamento e comercialização com agregação de valor ampliado, ampliação das capacidades gerenciais das organizações comunitárias e restauração florestal e de áreas degradadas. 

A seguir, apresentam-se os resultados dos principais indicadores pactuados para o monitoramento dos efeitos diretos previstos.

Efeito direto (1.1) Atividades econômicas de uso sustentável da floresta e da biodiversidade identificadas e desenvolvidas

  • Faturamento anual com atividade econômica de uso sustentável - produtos in natura (indicador de efetividade)
    Linha de base: R$ 1.157.680,00  | Meta: R$ 2.315.360,00   | Valor ao final do projeto: R$ 2.870.785,30
  • Faturamento anual com atividade econômica de uso sustentável - produtos beneficiados e serviços (indicador de efetividade)
    Linha de base: R$ 2.425.058,14  | Meta: R$ 3.395.081,40  | Valor ao final do projeto: R$ 5.587.520,30

Efeito direto (1.3) Capacidades gerencial e técnica ampliadas para a implantação de sistemas agroflorestais, produção agroextrativista e boas práticas agropecuárias

  • N° de indivíduos capacitados para a prática e gestão de atividades econômicas sustentáveis que efetivamente aplicam os conhecimentos adquiridos (indicador de eficácia)
    Meta: 700 | Resultado final: 497

Tendo em vista dificuldades na mensuração desse indicador, utilizou-se informações passadas pelas associações, considerando as pessoas ativas nas organizações, que participam das ações, decisões e atividades.

  • N° de organizações do terceiro setor que avançaram em gestão e governança
    Meta: 20 | Resultado final: 15

Observou-se um avanço em termos de gestão e governança na maior parte das organizações apoiadas, no entanto, mudanças de gestão e conflitos internos em algumas das organizações fizeram com que o valor desse indicador ficasse aquém da meta estipulada no início do projeto, que considerava todas as organizações abrangidas pelo projeto.

Efeito direto (1.4) Áreas desmatadas e degradadas recuperadas e utilizadas para fins econômicos e de conservação ecológica

  • Área de floresta diretamente manejada (hectares)
    Linha de base: 68.000 | Meta: 300.000 | Resultado final: 207.160

O indicador referente à área de floresta diretamente manejada está relacionado à cadeia da castanha e ficou abaixo do esperado em termos de ampliação de áreas devido a mudanças na gestão de uma das associações que impactaram os acordos de concessão com fazendas de manejo florestal.

  • Área recuperada em utilização para fins econômicos (hectares)
    Meta: 30 | Resultado final: 74,75
  • Área recuperada para fins de conservação ambiental e/ou regularização ambiental - regeneração em andamento (hectares)
    Meta: 100 | Resultado final: 184,2

Aspectos institucionais e administrativos

Durante o período de execução do projeto foram realizadas algumas parcerias importantes com a Conexsus na capacitação e implementação de metodologias de desenvolvimento organizacional e modelagem dos negócios, além do apoio no mapeamento dos mercados e consultoria para indicadores de comercialização. Com o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) no apoio às organizações comunitárias para participarem de programas de aceleração de empreendimentos de impacto; junto ao MAPA para o cadastramento da REPOAMA como Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade; com a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SEAF) na implementação de políticas públicas para agricultura familiar, como as políticas de compras institucionais, a reativação de conselhos municipais e a discussão tributária para agricultura familiar e junto ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) no curso técnico de formação, na construção do plano pedagógico e na oferta das disciplinas básicas obrigatórias. Cabe destacar também que o apoio a pesquisas do projeto incluiu ações junto ao Programa de Pesquisa em Resiliência da Agricultura Familiar, com participação nos grupos de pesquisa e apoio as pesquisas em campo e da parceria com a Universidade da Flórida (MDP/UF) com o programa MDP (Master Development Program) para apoio a bolsistas com pesquisas aplicadas ao projeto.

Riscos e lições aprendidas

Alguns riscos e lições elencados ao final do projeto são:

  • as famílias que trabalham em coletivo guiadas por um propósito, conseguem aproveitar melhor o projeto;
  • o compromisso das famílias com o projeto interfere no resultado e isso fortalece a importância de se olhar para cada um deles;
  • mostrar ações na prática aceleram os processos de aprendizagem e o alcance dos objetivos do projeto;
  • ter boa comunicação entre todos, parceiros e famílias agricultoras já que as organizações comunitárias são mais vulneráveis às mudanças nas relações familiares e comunitárias, e seu desenvolvimento não é linear, é mais cíclico do que em espiral, correndo o risco de colapsar e ter que ser iniciado desde o zero novamente;
  • o território em que o Redes atua é de ocupação imigrante recente, há famílias vindo de diferentes regiões do Brasil. É preciso criar incentivos em todos os elos da cadeia para que criem a sua identidade com o local;
  • estratégias como capacitações e intercâmbios, além de aporte de insumos e equipamentos, são importantes para que as famílias agricultoras se mantenham no processo e o projeto alcance bons resultados na ponta. Contudo, o mais importante é ajudar as famílias a gerarem suas próprias condições de autossuficiência e sustentabilidade.

Sustentabilidade dos resultados

O projeto endereçou ao longo de sua execução quatro questões apontadas como principais em seu início: [1] a falta de arranjos produtivos pautados em uma produção livre de desmatamento; [2] o baixo aproveitamento do potencial produtivo da região, com grande dependência da importação de produtos para seu abastecimento; [3] a fragilidade das organizações de base, somada à carência de conhecimentos e práticas de técnicos e agricultores com base nos princípios agroecológicos; e [4] a ineficiência da implementação de políticas públicas estruturantes, como assistência técnica e financiamento.

Com vistas a criar soluções sustentáveis para gerar atratividade econômica e social em seis cadeias produtivas (babaçu, castanha, leite, hortifrutigranjeiros, cacau e café), investiu em ações específicas em diferentes etapas (produção, beneficiamento, comercialização e gestão), além de fortalecer a organização e o associativismo das comunidades que compunham o público-alvo, e contribuir para a geração de renda, segurança alimentar e a diminuição da pressão sobre os recursos naturais.

Tendo em vista o número de indivíduos capacitados para a prática e gestão de atividades econômicas sustentáveis que efetivamente aplicam os conhecimentos adquiridos e ainda o número de agricultores realizando hoje investimentos com recursos próprios nessas tecnologias e utilizando o modelo proposto pelo projeto, observa-se que essas ações se consolidaram.

O ICV tem buscado novos projetos e financiadores para ações sequenciais que foram se moldando e tornando necessárias para a sustentabilidade dos resultados alcançados até aqui.

Acervo

Nessa área disponibilizamos alguns arquivos em PDF com as principais publicações geradas pelo projeto. Clique no nome do arquivo para iniciar o download.

CONTRATOS E ADITIVOS

DOCUMENTOS

VÍDEOS

Outros