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Projeto

Conhecer para Conservar

Museu da Amazônia (Musa)

Site oficial do projeto
Valor Total do Projeto
R$ 10.394.822,12
Valor do apoio do Fundo Amazônia
R$ 9.984.629,00
Concluído

Apresentação

Objetivos

Implantar o Musa e um centro de treinamento no Assentamento Água Branca, em Manaus, visando à disseminação de conhecimentos que contribuam para a valorização e a conservação dos recursos naturais da Amazônia e de seu patrimônio cultural, por meio de um modelo inovador de visitação da floresta

Beneficiários

População de Manaus e cidades próximas, turistas nacionais e estrangeiros, estudantes das universidades, estudantes e professores da rede pública e privada do estado do Amazonas e demais interessados em questões socioambientais

Abrangência territorial

Município de Manaus, estado do Amazonas

Descrição

CONTEXTUALIZAÇÃO

A Reserva Adolpho Ducke, na periferia de Manaus, vem sendo estudada sistematicamente há mais de trinta anos, sobretudo pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e conta com uma ampla documentação sobre sua biodiversidade, seus ecossistemas florestais e aquáticos e suas interações bióticas e abióticas. Lá foi instalado o Museu da Amazônia (Musa).

Outra parte do projeto foi realizada em um assentamento rural contíguo à Reserva Florestal Adolpho Ducke, o Assentamento Água Branca. Essa área é um “corredor ecológico” de ligação entre a Reserva Florestal Adolpho Ducke e o lago do Puraquequara. Grande parte das propriedades que lá se encontram estão cobertas por floresta nativa. No entanto, se não forem tomadas medidas para assegurar a manutenção desse corredor ecológico, a reserva corre o risco de ter seu valor de conservação reduzido pela fragmentação florestal e o isolamento de sua biota. 

O PROJETO

O Musa, implantado com o apoio do Fundo Amazônia, promove um modelo inovador de visitação à floresta e de disseminação do conhecimento sobre a Amazônia. Sua proposta é oferecer experiências que permitam ao visitante entrar em contato com a diversidade biológica e sociocultural da região. Para tanto, o Musa se baseia no conceito de “museu vivo” da sociobiodiversidade, embasado nos conhecimentos adquiridos pelos pesquisadores das instituições científicas brasileiras e internacionais que realizam pesquisas na região amazônica.

O projeto “Conhecer para Conservar” estruturou um complexo de pavilhões, tanques, trilhas, passarelas suspensas, estações e uma torre de observação da floresta, na Reserva Florestal Adolpho Ducke. Também apoiou a estruturação de um centro de treinamento e de capacitação no assentamento Água Branca. O objetivo foi fortalecer a bioeconomia da área de intervenção, fomentando um modelo demonstrativo de atividades econômicas que valorizem a “floresta em pé”, com possibilidade de geração de renda e de melhoria das condições sociais. Foram beneficiadas diretamente 36 famílias residentes no assentamento Água Branca.

LÓGICA DA INTERVENÇÃO

O projeto se insere nas componentes "Produção Sustentável" (1) e "Ciência, Inovação e Instrumentos Econômicos" (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

Seus efeitos diretos foram assim definidos: 1.3 Capacidades gerencial e técnica dos assentados e de visitantes do centro de treinamento ampliadas para a utilização sustentável da biodiversidade do bioma Amazônia e 4.1 Conhecimentos sobre o bioma Amazônia difundidos para a conscientização da população quanto à temática socioambiental e para a promoção do turismo regional.

O projeto “Conhecer para Conservar” buscou ampliar o conhecimento sobre o bioma Amazônia e sua história natural e social, de modo que a sociedade possa valorizar e contribuir para a conservação da floresta, de sua biodiversidade e do patrimônio cultural de seus povos. Visou, ainda, promover a produção sustentável por meio do conhecimento, voltado ao desenvolvimento social, bem como promover a geração de renda local por meio do turismo de natureza, dessa forma contribuindo para o objetivo geral do Fundo Amazônia de “redução do desmatamento com desenvolvimento na Amazônia Legal”.

Clique na imagem abaixo para visualizar sua árvore de objetivos, ou seja, como se encadeiam os produtos e serviços do projeto com os objetivos específicos e os seus objetivos gerais.

quadrologico

Evolução

Data da aprovação 30.11.2010
Data da contratação 01.09.2011
Data da conclusão 31.12.2021
Prazo de utilização 65 meses (a partir da data da contratação)
aprovação
30.11.2010
contratação
01.09.2011
conclusão
31.12.2021

Desembolsos

ano valor
1º desembolso 04.10.2011 R$ 2.436.885,00
2º desembolso 08.03.2013 R$ 398.400,00
3º desembolso 12.03.2013 R$ 2.884.019,00
4º desembolso 29.07.2014 R$ 230.000,00
5º desembolso 26.09.2014 R$ 2.505.117,00
6º desembolso 10.03.2016 R$ 750.000,00
7º desembolso 12.07.2016 R$ 400.000,00
8º desembolso 10.02.2017 R$ 380.208,00
Valor total desembolsado R$ 9.984.629,00

Valor total desembolsado em relação ao valor do apoio do Fundo Amazônia

100%

ATIVIDADES REALIZADAS

O projeto foi estruturado em dois componentes: o primeiro consistiu na implantação de um “museu vivo” da sociobiodiversidade amazônica na Reserva Florestal Adolpho Ducke - o Museu da Amazônia (Musa); e o segundo componente promoveu a construção de um Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA) no Assentamento Água Branca, em Manaus, área contígua à reserva.

No primeiro componente foram desenvolvidas as seguintes atividades principais: construção de torre de observação, de três trilhas e estações de observação da floresta, de passarela suspensa, de laboratórios para captação, edição e transmissão de imagens, de tendas para exposição e da recepção do museu, além da aquisição de equipamentos de gravação, edição e transmissão de imagens, além de veículo utilitário. Em novembro de 2014 foi iniciada a cobrança da visitação às instalações do Musa, torre de observação e trilhas guiadas.

O Musa, com sua imponente torre de observação, se tornou uma das principais atrações turística de Manaus.  A torre de aço, com seus 42 metros de altura, 242 degraus e 81 m² de base, rivaliza com as grandes árvores da floresta. As três plataformas localizadas, a 14, 28 e 42 m de altura, permitem que cerca de 30 visitantes, distribuídos nos diferentes níveis, observem a maior floresta tropical do mundo, a floresta Amazônica.

No componente dois, os investimentos em infraestrutura contemplaram a construção de instalações do CTA, a aquisição de trator e equipamentos, bem como a preparação de áreas de cultivo agrícola e de manejo de produtos florestais. Também foram ministrados diversos cursos para os agricultores familiares do Assentamento Água Branca, onde está localizado o CTA, que ampliaram a comercialização da produção, inicialmente em feiras e com a chegada da pandemia de COVID com encomendas pela internet.

Avaliação Final

Indicadores de eficácia e efetividade

As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados às componentes “Produção Sustentável” (1) e “Ciência, Inovação e Instrumentos Econômicos” (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

A seguir, apresentam-se os resultados de alguns indicadores pactuados para monitorar os efeitos diretos previstos.

Efeito direto 1.3: Capacidades gerencial e técnica dos assentados, e de visitantes do centro de treinamento, ampliadas para a utilização sustentável da biodiversidade do bioma Amazônia.

  • Número de cursos realizados (indicador de eficácia)
    Meta: 5 | Resultado alcançado: 6

O projeto alcançou sua meta de realização de cursos no CTA, com capacitação em coleta de sementes, identificação botânica, manejo de SAFs e criação agroecológica de aves.

É interessante ressaltar que a infraestrutura implantada permitiu realizar vários outros cursos e atividades financiados por outros projetos e parceiros do Musa.

  • Número de indivíduos capacitados (indicador de eficácia)
    Meta: 80 | Resultado alcançado: 305

Com a criação de infraestrutura adequada, o CTA realizou diversos cursos e outras atividades de capacitação. O público participante dessas atividades compreendeu 17 assentados do próprio Assentamento Água Branca, 38 indivíduos oriundos de outros assentamentos próximos e 250 de origens variadas.

Esse número de capacitados decorreu da utilização do CTA por outros projetos e iniciativas do Musa, o que foi uma externalidade do projeto, já que inicialmente a criação do centro de treinamento tinha como público-alvo a população do
Assentamento Água Branca. A ampliação do uso do CTA para outras capacitações na temática agroflorestal é bastante positiva.

Efeito direto 4.1: Conhecimentos sobre o bioma Amazônia difundidos para a conscientização da população quanto à temática socioambiental e para a promoção do turismo regional.

  • Número anual de visitantes recebidos pelo Musa (indicador de efetividade)
    Meta: 31.200 | Resultado alcançado: 37.700

As medições das entradas de visitantes, que eram feitas por estimativa, começaram a ser aferidas em 2013, quando foram contabilizados 15.600 visitantes. A partir de então, o número foi evoluindo positivamente até chegar a 37.700 visitantes em 2017. Além de ampliar o número de visitantes, um importante marco da evolução da sustentabilidade
do Musa foi o início da cobrança de ingressos a partir do final de 2014.

ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS

As principais parcerias que possibilitaram a criação do Musa foram estabelecidas com os seguintes órgãos: (i) Governo Federal, com a cessão por 15 anos de área de 100 ha, nas margens da Reserva Ducke em Manaus; (ii) Incra, com a cessão de área de 30 ha para a criação do CTA; (iii) Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que custeou despesas de infraestrutura, pessoal administrativo e de preparação das primeiras exposições e dos locais de visitação.

Após a estruturação inicial provida pelo projeto, o Musa também obteve recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de empresas privadas, através de incentivos da Lei Rouanet, que permitiram a montagem das exposições “Peixe e Gente” e “Aturás - Mandiocas – Beijus”. Outro parceiro em projetos no CTA foi o Programa Ecomudança do Itaú-Unibanco, em parceria com o Instituto Ekos Brasil.

RISCOS E LIÇÕES APRENDIDAS

No início do projeto, os valores apresentados pelas construtoras para a realização das obras excederam muito os valores originalmente previstos. Foi necessária uma pesquisa extensa para encontrar valores compatíveis com os orçados, especialmente para a torre de observação. Foram feitos ajustes para reduzir o custo da torre, e também realizada a compra direta de matéria prima para viabilizar sua construção.

Ao longo do projeto os períodos de chuvas causaram atrasos na execução das obras, uma vez que as condições de trabalho inviabilizaram a operação de máquinas e equipamentos. Os períodos de chuvas também impactaram o ritmo de atividades do CTA, cujo acesso dependia das condições precárias da estrada.

Também ocorreram atrasos na construção da torre e de outras estruturas do Musa, o que invabilizou o início das atividades na data prevista, impactando negativamente o custeio das atividades do museu.

O custeio de museus é um desafio permanente do setor. No início de suas atividades, o Musa não dispunha de uma fonte estável de custeio. Por conta disso foi aprovada uma suplementação de recursos do Fundo Amazônia ao projeto, que permitiu custear as atividades do museu até seu pleno funcionamento, quando a cobrança de ingressos fortaleceu seu fluxo de caixa.

SUSTENTABILIDADE DOS RESULTADOS

A arrecadação com a cobrança de ingressos para a visitação ao Musa, passou a ter um peso significativo no balanço financeiro da instituição. Ocorreu um crescimento constante do número de visitantes, que evoluiu progressivamente de 37.700 visitantes em 2017 para 68.800 visitantes de 2019.

O aumento na visitação foi acompanhado de um aumento na arrecadação com um incremento de 165% das receitas nesse mesmo período (entre 2017 e 2019), considerando tanto a arrecadação com ingressos como outras entradas de recursos.

Após o término do projeto continuaram sendo feitos investimentos na melhoria da infraestrutura do museu. Esses investimentos incluíram, entre outros, abertura de nova trilha e ampliação das trilhas já existentes, ampliação do Orquidário, construção do entorno do Lago das Vitórias-Régias (Victoria amazonica), criação da Trilha Sensorial, reformas do Serpentário, do Fungário e do Borboletário.

A pandemia do COVID-19 impactou as atividades do Musa em 2020, uma vez que o museu não recebeu visitantes e consequentemente não obteve receita de ingressos, por cerca de três meses. Em 2021, apesar de ter permanecido fechado no início do ano, o museu encontrou formas de reduzir custos e aumentar sua visitação e receita, com a inauguração da exposição “Passado Presente – Dinos e Sauros da Amazônia”.

O Musa ganhou o prêmio Travellers’ Choice 2021 do site de viagens Tripadvisor¹, o que é uma  informação qualitativa relevante,  além de ficar em terceiro lugar no ranking de atrações turísticas de Manaus, atrás apenas do Teatro Amazonas e do “Encontro das Águas"², segundo classificação dos próprios viajantes registrados nessa plataforma de viagens. Dessa forma, o Musa contribui para o aumento do tempo de permanência dos turistas na cidade, e, consequentemente para uma maior geração de renda e arrecadação de impostos no Estado do Amazonas. 

¹ https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g303235-d2364476-Reviews-Museu_da_Amazonia_MUSA-Manaus_Amazon_River_State_of_Amazonas.html
² https://www.tripadvisor.com.br/Attractions-g303235-Activities-a_allAttractions.true-Manaus_Amazon_River_State_of_Amazonas.html