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Projeto

Compostos Bioativos da Amazônia

Universidade Federal do Pará (UFPA) e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp)

Site oficial do projeto
Valor Total do Projeto
R$ 1.413.357,00
Valor do apoio do Fundo Amazônia
R$ 1.352.368,48
Natureza do Responsável
Universidades
Temas
Local
Pará
Eixos
Ciência, inovação e instrumentos econômicos
Concluído

Apresentação

Objetivos

(i) Instalar uma planta piloto no laboratório de alimentos da UFPA para produzir e caracterizar extratos ricos em compostos bioativos; e (ii) desenvolver novos produtos e aplicações tecnológicas a partir de compostos bioativos extraídos de plantas e frutas típicas da Amazônia oriental

Beneficiários

UFPA, fornecedores de matérias primas para a produção de compostos bioativos e empresas da região amazônica que trabalhem com produtos derivados de compostos bioativos

Abrangência territorial

Estado do Pará

Descrição

CONTEXTUALIZAÇÃO

O estado do Pará possui grande parte de sua economia voltada à exploração de matérias-primas como borracha, castanha, minerais, frutas e outros produtos primários de baixo valor agregado. O setor fruticultor tem seu enorme potencial ainda pouco explorado, pois a maior parte do que é produzido se apresenta na forma de polpa ou suco, produtos de baixo valor agregado e pouca diversidade.

O desenvolvimento de novos produtos e aplicações tecnológicas a partir da biodiversidade amazônica poderá agregar valor às matérias-primas da região e se tornar uma alternativa para o desenvolvimento econômico da região. Cabe ressaltar que esses novos produtos e tecnologias visam a valorização da floresta em pé, criando alternativas às atividades que desmatam e aumentando a atratividade da exploração sustentável dos produtos da região.

O PROJETO

O projeto Compostos Bioativos da Amazônia, apresentado pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) e executado pela UFPA, teve por objetivo desenvolver novos produtos e aplicações tecnológicas a partir de compostos bioativos extraídos de plantas e frutas típicas da Amazônia oriental. Para isso, contemplou a instalação de uma planta-piloto na qual os compostos bioativos passam pelos processos de extração, purificação, concentração e fracionamento.

Nesse projeto, as pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos ou aplicações tecnológicas, tais como fotoquimioprotetores solares, cremes contra o envelhecimento e alimentos funcionais em cápsulas, foram divididas em duas linhas diferentes: uma realizada em parceria com uma empresa privada e com uma cooperativa, e outra executada somente pela UFPA, sem a participação de parceiros privados.

LÓGICA DE INTERVENÇÃO

O projeto se insere na componente “Ciência, Inovação e Instrumentos Econômicos” (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia, tendo como efeito esperado a produção e difusão de conhecimentos e tecnologias voltados para o desenvolvimento de novos produtos a partir de compostos bioativos de plantas típicas do bioma Amazônia.

O projeto pretendeu contribuir para que atividades de ciência, tecnologia e inovação viabilizem o uso sustentável dos recursos naturais da Amazônia, gerando ocupação e renda para a população, agregando valor a produtos florestais e, consequentemente, valorizando as florestas nativas. Para tanto, foi instalada uma planta-piloto para a produção de compostos bioativos e realizada pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias a partir de compostos de plantas do bioma Amazônia.

 

Evolução

Data da aprovação 03.01.2012
Data da contratação 21.08.2012
Data da conclusão 31.03.2018
Prazo de utilização 69 meses (a partir da data da contratação)
aprovação
03.01.2012
contratação
21.08.2012
conclusão
31.03.2018

Desembolsos

ano valor
1º desembolso 10.06.2014 R$ 1.073.559,00
2º desembolso 16.12.2016 R$ 278.809,48
Valor total desembolsado R$ 1.352.368,48

Valor total desembolsado em relação ao valor do apoio do Fundo Amazônia

100%

ATIVIDADES REALIZADAS

A UFPA instalou, em uma área de 200 m2 do Espaço Inovação, no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), em Belém do Pará, uma planta-piloto focada no desenvolvimento de extratos ricos em compostos bioativos da Amazônia e de novos produtos que os empregam para agregar maior valor às matérias-primas. A linha-piloto comporta áreas de armazenamento, almoxarifado, processamento e condicionamento e tem equipamentos para lavar, secar, despolpar, moer, centrifugar, homogeneizar, purificar parcialmente, liofilizar e embalar sob vácuo.

Desenvolveu-se um estudo sobre vinte plantas amazônicas, avaliando sua capacidade antioxidante, atividade antimicrobiana e/ou reguladora da produção de metano por bovinos e/ou fotoquimioproteção (para pele). Entre as plantas, sete extratos¹ se destacaram e foram produzidos em escala-piloto depois da otimização do processo. Foi possível verificar quais compostos bioativos eram responsáveis por essas propriedades e monitorá-los on-line.

¹Inga edulis, Byrsonima crassifolia, Cecropia obtusa, Desmodium ovalifolium, Euterpe oleracea, Theobroma cacao e Passiflora edulis.

Avaliação Final

ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS

O projeto foi realizado no âmbito do Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA) no PCT Guamá, em Belém (PA). O grupo de pesquisadores, com alunos de graduação, mestrado e doutorado, além dos professores, reuniu cerca de trinta pessoas, das faculdades de Biotecnologia, Ciências Farmacêuticas, Ciência e Tecnologia de Alimentos e Engenharia Química, da UFPA. Também foram produzidos trabalhos em conjunto com a Université Libre de Bruxelles e com a Université Catholique de Louvain.

Criada em 1957, a UFPA é uma das mais importantes instituições de pesquisa e ensino da região Norte. Constituída por 14 institutos, sete núcleos, 36 bibliotecas universitárias, dois hospitais universitários e uma escola de aplicação, abriga uma comunidade composta por mais de cinquenta mil pessoas.

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) é o primeiro parque tecnológico a entrar em operação na Amazônia. O objetivo é estimular a pesquisa aplicada, o empreendedorismo inovador, a prestação de serviços e a transferência de tecnologia para o desenvolvimento de produtos e serviços de maior valor agregado e competitivos.

INDICADORES DE RESULTADOS E IMPACTOS

As atividades do projeto contribuíram para os resultados relacionados à componente "ciência, inovação e instrumentos econômicos" (4) do Quadro Lógico do Fundo Amazônia.

Efeito direto 4.1: Tecnologias e conhecimentos para o desenvolvimento de novos produtos a partir de compostos bioativos de plantas típicas do bioma Amazônia produzidos e difundidos.

Os principais indicadores pactuados para o monitoramento desses objetivos foram:

  • Número de patentes solicitadas ou depositadas (indicador de efetividade)

Meta: não definida. Resultado alcançado: 2.

Como resultado do projeto, foram depositadas duas patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), sendo uma de modelo de utilidade e uma de invenção¹.

  • Número de teses e artigos científicos publicados (indicador de efetividade)

Meta: não definida. Resultado alcançado: 14

O projeto permitiu a publicação de onze artigos científicos e a defesa de três teses, 13 dissertações, sete trabalhos de conclusão de curso e oito relatórios de iniciação científica.

  • Número de publicações pedagógicas ou informativas (indicador de efetividade)

Meta: não definida. Resultado alcançado: 35

  • Número de novos produtos ou processos tecnológicos desenvolvidos (indicador de efetividade)

Meta: 2. Resultado alcançado: 10

  • Número de novos produtos ou processos tecnológicos desenvolvidos sendo efetivamente aplicados (indicador de efetividade)

Meta: não definida. Resultado alcançado: 6

  • Número de espécies de plantas pesquisadas (indicador de eficácia)

Meta: 30. Resultado alcançado: 31

  • Área de laboratório modernizada (indicador de eficácia)

Meta: 160 m2. Resultado alcançado: 200 m2

  • Valor recebido por prestação de serviços de análise laboratorial a terceiros (indicador de eficácia)

Meta: não definida. Resultado alcançado: R$ 165.248,85

  • Número de pesquisadores e técnicos envolvidos nas atividades de PD&I fixados na região (indicador de eficácia)

Meta: não definida. Resultado alcançado: 6

Os investimentos do projeto e as bolsas de estudo financiadas com recursos do Fundo Amazônia contribuíram para que o Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), localizado PCT Guamá, dispusesse de serviços no domínio do controle de qualidade de produtos vegetais destinados à indústria alimentar, farmacêutica, química, biotecnológica e cosmética. Houve o desenvolvimento de novos produtos, como o açaí desengordurado (light) e a formulação de cosmético contendo extrato de plantas.  

Além dos novos produtos, foram desenvolvidos novos métodos de processamento para uma cooperativa envolvida no projeto. O projeto proporcionou a transferência de tecnologias para a cooperativa, melhorando o monitoramento e a qualidade da produção, notadamente, do açaí e do cacau. Destacam-se, por exemplo, a otimização do desengorduramento das sementes de maracujá e a extração de piceatannol, que é um composto com alto valor agregado em virtude de sua elevada capacidade antioxidante.

Ao proporcionar infraestrutura completa e apoio à pesquisa, além da participação direta de uma cooperativa (Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, CAMTA) e de uma empresa com vocação de inovação (Amazon Dreams), o projeto contribuiu diretamente para a obtenção de subprodutos de maior valor agregado, preparados a partir de frutas de alta ocorrência natural na região.

¹(i) Patente: modelo de utilidade. N° do registro: BR2020170123419. Título: "Dispositivos para coleta de amostras de gases produzidos em processos fermentativos conduzidos em sistema aberto". Depósito: 09/06/2017; e (ii) Patente de Invenção. N° de registro: BR1020180037722. Título: “Processamento da polpa dos frutos do gênero euterpe e seus derivados preservando agentes microbianos autóctones ou alóctones com propriedades funcionais”. Depósito 26/02/2018.

RISCOS E LIÇÕES APRENDIDAS

O projeto alcançou resultados satisfatórios, apesar de atrasos significativos na sua execução. Uma das razões para o alongamento do prazo previsto foi a ocorrência de um incêndio que destruiu parte da infraestrutura do CVACBA em janeiro de 2012. O projeto também foi impactado por um atraso de quatro anos na entrega do Espaço Inovação no PCT Guamá, onde o laboratório e a planta-piloto seriam sediados. O prédio em questão não foi objeto de apoio desse projeto, tendo sido inaugurado em abril de 2015, com bastante defasagem em relação ao cronograma previsto.

Nesse contexto, foi necessário alterar alguns itens a serem adquiridos pelo projeto em relação à sua previsão inicial, ora porque outros projetos já haviam viabilizado a compra de certos equipamentos, ora porque a demanda por certas inovações havia evoluído no passar dos anos.

Algumas características específicas da operação também influenciaram o seu prazo de execução. Inicialmente, houve a necessidade de se reformular a proposta originalmente apresentada de forma a segregar e explicitar no projeto as distintas responsabilidades e o escopo de cada parceiro envolvido na pesquisa, a saber, a UFPA, uma empresa privada (Amazon Dreams) e uma cooperativa (CAMTA). A operação, ainda, envolveu a negociação entre a UFPA e as referidas entidades parceiras sobre a propriedade intelectual e a participação nos resultados da pesquisa, bem como a discussão legal suscitada pelo Acórdão nº 2.731/2008 do Tribunal de Contas da União sobre a relação entre instituições federais de ensino e suas fundações de apoio, que culminou com a edição da Lei 12.349/2010.

Entre as lições aprendidas, registra-se que o incêndio nas dependências do laboratório em 2012 fez com que, em sua reconstrução, fossem implantados sistemas mais seguros, tais como circuitos de exaustão nas unidades com estocagem e/ou uso de inflamáveis, detectores de fumaça ligados a alarme, além de execução de um balanceamento rigoroso dos circuitos elétricos para prevenir sobrecargas. Espera-se que esses padrões sejam adotados em todas as novas intervenções. 

SUSTENTABILIDADE DOS RESULTADOS

O projeto foi relevante para a valorização dos compostos bioativos de plantas amazônicas, por meio de processos inovadores e competitivos de extração, purificação, fracionamento e isolamento desses compostos. Tendo sido realizado numa universidade pública, o projeto proporcionou o engajamento de estudantes de graduação e pós-graduação e a interação com organizações produtivas locais, ampliando assim a interação entre a comunidade universitária e a sociedade.

Ao proporcionar uma infraestrutura completa e apoio à pesquisa, além da participação de direta de uma cooperativa e de uma empresa com vocação de inovação, o projeto contribuiu diretamente para obtenção de subprodutos de maior valor agregado, preparados a partir de frutas de alta ocorrência natural na região. Cabe mencionar que foi verificada a continuidade da utilização da planta piloto instalada com o projeto após a sua conclusão para a realização de novos estudos.